01/05/2002 - 7:00
A japonesa Aiwa não tem mais forças para andar com as próprias pernas no competitivo mercado de produtos eletroeletrônicos. Para tentar tirá-la do limbo, o presidente mundial da Sony, Kunitake Ando, decidiu tomar as rédeas do negócio. Pagou US$ 114 milhões em ações para assumir o controle total da companhia, da qual já tinha 61% de participação. ?A Aiwa sofrerá reestruturações dolorosas?, avisou Ando, que deve passar a tesoura em diversos setores a fim de tornar a empresa mais competitiva. Os custos fixos anuais serão cortados em US$ 385 milhões, e dois terços dos funcionários, demitidos. As mudanças terão desdobramentos no Brasil, onde a Aiwa opera desde 1996 em parceria com a CCE. A Sony não quer mais a CCE na jogada. Em outubro, quando o processo de aquisição estiver concluído, os japoneses começarão estudos para integrar a Aiwa às suas vendas e ao seu design.
Disputa. A CCE continua fabricando e distribuindo a linha de mais de 40 produtos Aiwa até o ano que vem. E a Sony, paralelamente, está abrindo espaço em sua planta em Manaus para produzir os equipamentos da compatriota já em 2003. Primeiro, sairão das esteiras da Sony brasileira aparelhos de áudio portátil que custam até R$ 300, como discmans e radiogravadores com CD. Depois, para fortalecer a marca Aiwa na América Latina, os esforços se voltarão para segmentos mais promissores, como os de DVDs e televisores. Para a CCE, que nos últimos seis anos não soube posicionar a Aiwa frente à ofensiva das coreanas Samsung e LG, o ?chega-pra-lá? da Sony pode pesar no balanço. Apesar de estar em queda livre, a Aiwa ainda detém 12% do mercado nacional de áudio. Mais do que isso. Além de correr o risco de perder a marca, a CCE pode ter de enfrentar a indigesta concorrência das duas japonesas juntas.
A Aiwa mundial teve perdas de US$ 153 milhões só nos primeiros três meses de 2002, e a empresa já sabe que deve fechar o seu terceiro ano consecutivo de prejuízos.
No Brasil, o cenário é igualmente catastrófico. A Aiwa viu a sua participação no mercado nacional de áudio desabar de 25% para 12% em 2001. No segmento de som portátil, o tombo também foi feio ? de 23% para 15%. Eis os motivos da queda, segundo fontes do setor: a CCE tem dificuldade de distribuir os produtos Aiwa às lojas; e a qualidade dos aparelhos deixa a desejar. A CCE não comenta o assunto. A Sony diz estar preparada para socorrer a Aiwa com US$ 230 milhões. Talvez só dinheiro não baste para levantar uma marca cujo nome muita gente patina para pronunciar. ?Aiva? ou ?Aiua?? O correto é ?Aiua?.