Poucas empresas subiram e caíram no mercado de celulares tão rapidamente quanto a Nokia. Em 1992, a fabricante finlandesa entrou na área de aparelhos móveis. Seis anos depois, era a líder mundial do setor, posição que manteve até 2010. Seu reinado começou a ruir com o advento dos smartphones. Atualmente, é a décima colocada em vendas de telefones inteligentes. No Brasil, ocupava a sexta posição no primeiro trimestre de 2013, segundo a consultoria americana Gartner, especializada em tecnologia. No entanto, pelo menos até aqui, a Nokia não jogou a toalha nem perdeu as esperanças de recuperar o antigo brilho. 

 

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Do barato ao caro: Almir Narcizo, presidente da Nokia no Brasil, aposta

em diversificação para ganhar mercado

 

Nas pegadas da Samsung, nova líder absoluta do mercado de smartphones, sua mais nova aposta é uma linha de produtos de diversas faixas de preços, de R$ 330 a mais de R$ 2 mil. ?Operamos muitos anos apenas com modelos topo de linha e de entrada?, afirma Almir Narcizo, presidente da Nokia no Brasil. ?Vamos entrar forte nas faixas medianas, nas quais está o grosso das vendas.? Serão quatro modelos que chegarão ao mercado nos próximos meses. O Lumia 1020, por exemplo, custará mais de R$ 2 mil. O mais barato será o Asha 501, smartphone de entrada que será vendido por R$ 329 (saiba mais no gráfico abaixo). 

 

Os modelos Lumia usam o sistema operacional da Microsoft, o Windows Phone, parceira da Nokia desde 2011. O acordo foi saudado na época por analistas como uma tentativa de salvar duas empresas com problemas no mercado de mobilidade. A Nokia, que via erodir sua participação em celulares, teria um software moderno e poderia aposentar o seu obsoleto Symbian. A companhia de Bill Gates, por sua vez, apostava em um parceiro de peso para elevar seu quinhão em smartphone. Mais de dois anos depois, o resultado foi que a Nokia perdeu ainda mais mercado e a Microsoft pouco conquistou. 

 

Neste ano, chegou inclusive a negociar a compra da Nokia, cujo atual presidente, o canadense Stephen Elop, veio dos quadros da gigante de tecnologia americana. Apesar do crescimento de mais de 50% na participação no último ano, o Windows Phone está em 3% dos smartphones. O Android, do Google, domina o mercado. ?Temos uma alta taxa de conversão de usuários Android para Windows?, afirma Celso Winik, gerente de mobilidade da Microsoft. Um dos pontos fracos do Windows Phone é o baixo número de aplicativos: apenas 165 mil. Dito assim, parece muito. Mas o rival Android conta com 1 milhão de aplicações e o iOs, com 900 mil. 

 

?Primamos pela qualidade, não pela quantidade?, diz Winik. A Nokia sabe dessa fragilidade. Tanto que criou uma divisão chamada DX para desenvolver programas exclusivos para o Windows Phone. ?Eles estão fazendo tentativas?, afirma Ivair Rodrigues, diretor de pesquisas da consultoria paulista IT Data. ?Esse nova estratégia era necessária.? Os executivos da Nokia esperam que esse movimento já comece a dar resultado neste ano. Com isso, esperam voltar a brigar com LG, Apple e Samsung pelas primeiras posições. A empresa, contudo, pode não ter fôlego para resistir a mais uma aposta equivocada. ?O mercado está em um momento de consolidação?, afirma Rodrigues. ?A Nokia é uma grande empresa, com tradição, mas os pequenos estão sumindo e o mercado é impiedoso.?

 

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