06/05/2015 - 18:00
Balada na cobertura, bar com inspiração jazzística no lobby e uma mega-área de eventos no subsolo. Em resumo esses são os trunfos de Henry Maksoud Neto, 39 anos, para tentar recuperar o glamour e a saúde financeira do hotel Maksoud Plaza, um dos símbolos da hotelaria brasileira. Desde sua fundação, em 1979, já passaram por seu lobby, teatro e restaurantes alguns ícones do show business global como Frank Sinatra, Sammy Davis, Jr. e Mick Jagger, além de poderosos como Margaret Thatcher, a ex-primeira-ministra do Reino Unido. “Meu objetivo é resgatar os bons tempos do hotel”, afirma Masksoud Neto, presidente do hotel.
Apesar de valorizar a filosofia do patriarca Henry Maksoud, seu avô e fundador do hotel, morto em 2014, o herdeiro não tem os olhos voltados para o passado. “Hoje, as pessoas não buscam apenas luxo, mas, sim, funcionalidade, conforto e segurança”, diz. Foi com isso em mente que Maksoud Neto, no comando desde abril de 2014, planejou as ações que estão sendo colocadas em prática desde o início de 2014. Boa parte delas já começa a dar resultados. O faturamento, segundo ele, chegou a R$ 50 milhões no ano passado, cerca de 19% acima do obtido em 2013. Para este ano, a expectativa é crescer pelo menos em um dígito. Mais: a taxa de ocupação atingiu patamar recorde no acumulado do ano, com pico de 75% em outubro.
São números que impressionam. No entanto, ainda há muito a ser feito para recuperar o esplendor dos bons tempos. Até porque, a atual rede hoteleira de São Paulo e do Brasil, de hoje, em nada lembra a do final da década de 1970, quando existiam pouquíssimos hotéis cinco estrelas. Além de mais feroz, a concorrência, agora, se dá com redes globais. Um cenário que Maksoud Neto, graduado em economia pela faculdade Mackenzie, sempre procurou examinar com lupa, desde que ingressou na empresa em 2001, no cargo de diretor de operações. A primeira mudança é em relação à busca constante de parcerias com gente do ramo.
Um deles é a rede francesa Accor, que desde março passou a incluir em seus canais globais de venda os 416 apartamentos do hotel paulistano. “Esse acordo pode gerar uma ampliação de 20% no movimento de hóspedes”, afirma. A proximidade com uma rede poderosa, como o Accor, pode levar a uma negociação de venda ou troca de bandeira? Maksoud Neto desconversa, mas diz que, apesar da força da marca da família, nenhuma opção será descartada. Enquanto permanece no comando do Maksoud, ele busca outras opções para rejuvenescer a faixa etária dos hóspedes e recuperar antigos frequentadores. Para isso, mandou reformar o bar situado no lobby, que foi rebatizado de Frank, em homenagem ao cantor Frank Sinatra.
O local, inaugurado na quinta-feira 30, terá como atração os coquetéis assinados pelo bartender Spencer Jr., famoso no circuito gastroetílico paulistano. Aliás, um dos momentos marcantes do hotel está ligado ao “The Voice”. Em 1981, Roberto Maksoud, pai de Henry Neto e principal executivo do hotel, à época , contratou o cantor americano para uma série de quatro shows, para uma plateia de 700 felizardos, a cada noite. Outra tacada do integrante da terceira geração é a balada PanAm, que funciona na cobertura do prédio de 22 andares e leva a assinatura de Facundo Guerra, conhecido na noite paulistana por sua capacidade de revitalizar endereços tradicionais.
No total, incluindo a reforma dos quartos, Maksoud Neto diz que já foram investidos R$ 6 milhões no hotel. “Tudo que sobra no caixa está sendo reaplicado no hotel”, afirma. A estratégia tem sido acompanhada de perto pelo mercado. “Ele está no caminho certo”, diz o consultor José Ernesto Marino Neto, presidente da BSH International. Segundo o especialista, a localização do empreendimento é um trunfo do qual Maksoud Neto está sabendo tirar vantagem. “O hotel fica a um quarteirão da avenida Paulista, cartão postal e um dos centros financeiros da cidade.”
A fase de otimismo, porém, se dá em meio a um processo litigioso envolvendo a disputa pelo espólio do patriarca, estimado em R$ 500 milhões, que colocou em campos opostos os filhos Roberto, pai de Henry Neto, e Cláudio, além de Georgina Célia Bizerra, a segunda mulher de Maksoud. Sem contar as questões trabalhistas envolvendo ex-funcionários do hotel e também da Hidroservice, empresa de engenharia que participou de obras importantes, como o aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, e origem da fortuna da família. “Todos os problemas do hotel são administráveis”, diz Maksoud Neto.