25/04/2019 - 16:57
Um “malabarismo logístico” tem garantido o fornecimento de pelotas para as usinas siderúrgicas brasileiras que originalmente eram atendidas pela operações da Vale interrompidas após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), comentou o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes. De acordo com ele, algumas usinas só não tiveram de desligar alto-fornos porque, com o apoio da própria Vale, alternativas de fornecimento foram buscadas a quilômetros de distância.
Ele citou que também colaborou para que a situação se mantivesse sob controle o fato de que duas usinas já têm operado em ritmo mais lento porque se preparam para desligar alto-fornos para manutenção – a Gerdau e a CSN. “Se os alto-fornos estivessem a plena operação, haveria uma crise de gravíssimas proporções”, disse, sugerindo a possibilidade de falta de abastecimento à cadeia produtiva.
Pela logística montada, a Usiminas, por exemplo, passou a receber minério de Corumbá, em Mato Grosso, com desembarque pelo Porto Açu, enquanto Ternium passou a receber minério do Maranhão, via Cabotagem. Já Pecém, acrescentou, tem importado o insumo da África do Sul.
Marco Polo salientou que embora esteja funcionando, essa logística não pode ser mantida por muito tempo e ainda encarece a produção de US$ 20 a US$ 30 por tonelada. “É fundamental botar para funcionar Vargem Grande”, disse, referindo-se ao sistema da Vale responsável pela produção de pelotas. Ele lembrou que a mina de Brucutu, a maior das minas que abastece o sistema, já foi liberada para voltar a operar, mas revelou temor de que uma nova decisão judicial possa interromper novamente a operação. “Vargem grande tem de voltar a operar, ainda que com minério de terceiros, de forma a ser normalizada”, acrescentou.
Ele citou que tem havido um empenho para se resolver a questão do fornecimento de minério e pelotas sinalizou que avanços devem ocorrer num prazo de 15 a 20 dias. De acordo com Marco Polo, a Vale deve contratar nos próximos dias uma certificadora americana que possa atestar, ou não, a estabilidade das barragem. “A certificadora vai tirar a emocionalidade. Hoje no País, ninguém assina nada, se não tiver o externo, prolonga a situação”, comentou.