14/01/2004 - 8:00
FELIZ NO MERCADO “Estou satisfeito com esse tipo de vida, mas nada é definitivo”
A um mês de completar 61 anos, o economista Pedro Sampaio Malan está recomeçando a vida. Depois de 37 verões de serviço público, dos quais oito como ministro da Fazenda, este carioca gentil e circunspecto descobriu a iniciativa privada. O ex-negociador da dívida brasileira e ex-presidente do Banco Central deixou Brasília para trás e está se convertendo em bem-sucedido homem de empresas no eixo Rio-São Paulo. Malan participa ativamente nos conselhos do Unibanco e da holding Globex-Ponto Frio, duas das maiores companhias privadas do País, e, recentemente, aceitou tomar parte nos conselhos da Alcoa brasileira e da Portugal Telecom Internacional. Este último compromisso vai levá-lo a Lisboa uma vez por mês. O ex-ministro também escreve para O Estado de S.Paulo e leciona economia na PUC carioca, mas é na qualidade de neo-executivo que a sua vida apresenta as maiores novidades. Acostumado aos holofotes e ao assédio de quem foi por longos anos o rosto econômico do Brasil, Malan agora desfruta o privilégio de viver como anônimo agente de mercado. Sobe e desce da ponte aérea sem ser incomodado. Hospeda-se no Hyatt de São Paulo sem ser percebido. Controla sua própria agenda, atende o telefone de seu escritório doméstico no Jardim Botânico e responde pessoalmente seus e-mails, num estilo ao mesmo tempo seco e cerimonioso. Recebe por suas múltiplas atividades empresariais uma quantia estimada pelo mercado em R$ 60 mil mensais. ?O Pedro desencarnou da função de ministro e está escrevendo o próximo capítulo da vida dele?, diz Francisco Gros, velho camarada da administração Fernando Henrique e atual companheiro de conselho no Globex-Ponto Frio.
Esse novo volume biográfico está sendo escrito, em grande medida, através do Unibanco. Na instituição dos Moreira Salles, família com a qual Malan tem sólidas relações de amizade, o ex-ministro é mais do que um simples conselheiro. Ele dá expediente na sede do banco em São Paulo dois ou três dias por semana, tem secretária em tempo integral e envolve-se entusiasticamente nas atividades do grupo, participando em vários comitês. Mesmo a sua indicação para o conselho da Globex-Ponto Frio, do qual Malan é presidente, teve origem no Unibanco, que é sócio da financeira do Ponto Frio. ?Esse homem passou por situações muito difíceis no governo. Certamente é um conselheiro muito útil?, avalia Lázaro Brandão, presidente do conselho do Bradesco. O próprio Malan, fiel ao seu estilo, pouco fala sobre as suas atividades internas no banco. Em aparições públicas tem agido como analista econômico, apresentando cenários minuciosamente otimistas. Nos encontros internacionais ? como a assembléia do FMI em Dubai, no mês de setembro ?, atua como interlocutor junto ao mercado financeiro global. ?O Unibanco tem interesses internacionais e há pessoas nesse mercado que eu conheço há mais de um década?, explica Malan. ?Essas pessoas também querem ouvir sobre o Brasil.? O empresário Mário Garnero, admirador de longa data do ex-ministro, lembra que, desde a morte do embaixador Walter Moreira Salles, em fevereiro de 2001, o Unibanco estava sem um figura internacional de proa. ?Malan veio suprir essa lacuna?, acredita. Pelo trabalho de conselheiro do Unibanco, Malan recebe um salário registrado em ata de R$ 15 mil.
DIA DE BALANÇO NO UNIBANCO: Ex-ministro como analista econômico
Nem todos, porém, aprovam a segunda encarnação profissional do ex-ministro. O industrial Mário Bernardini, diretor da Fiesp, faz ironia sobre ela. ?Depois de ter ajudado tanto os bancos, não seria na Fiesp que ele viria trabalhar?, diz Bernardini. ?É vergonhoso esse pessoal correr para os bancos tendo deixado amigos influentes em Brasília.? Esse tipo de acusação reflete mais a velha animosidade dos industriais paulistas em relação a
Malan do que alguma informação objetiva sobre a rede de contatos oficiais do ex-ministro. Além de Joaquim Levi, o secretário do Te-
souro que veio da equipe de Malan, e Marcos Lisboa, secretário
de Política Econômica da Fazenda, não se sabe que ele tenha
outros admiradores em Brasília. Lisboa foi quem disse no ano passa-
do que Malan deveria ganhar uma estátua pela perseverança no combate ao déficit público. O ex-ministro Antônio Delfim Netto,
crítico mordaz e permanente da política econômica do período FHC, aprova inteiramente a atividade empresarial de Malan. ?Há muito preconceito em torno desse assunto?, diz Delfim. ?Ele não se pres-
tava a abrir portas quando estava no governo e certamente não
fará isso agora.? Outro ex-ministro, Maílson da Nóbrega, sócio da consultoria Tendências, se irrita diante das acusações de lobismo
que pairam sobre ex-funcionários do governo. ?Um homem como o Malan agrega experiência, conhecimento, base intelectual e pres-
tígio a qualquer empresa?, diz Maílson. ?É estupidez achar que ele seria contratado pela agenda.?
A verdade é que existe uma certa confusão em torno da atividade de conselheiro administrativo. Há nessa função desde pessoas que recebem ninharia para comparecer uma vez por mês a reuniões burocráticas até aqueles, como Malan, que envolvem-se profundamente com a empresa e têm muito mais a oferecer. Em geral o conselheiro é alguém de renome que conhece bem a empresa ou o mercado no qual ela atua. A presença desses nomes fortes dá segurança aos gestores, que levam aos conselheiros questões estratégicas de médio e longo prazo. Ter um figurão no conselho melhora até as perspectivas de lançamento de ações da companhia. Mas conselheiros não são administradores. Malan tem feito questão de afirmar que não tem funções executivas em nenhuma das empresas em que trabalha, mas o mercado gosta de especular em contrário. No Ponto Frio, por exemplo, o ex-ministro chegou participando de reuniões no Rio e em São Paulo e opinou até sobre o novo logo publicitário da empresa. O mercado, atento à movimentação de Malan, entendeu que ele estava abraçando novas atividades, mas não era o caso. Tratava-se apenas de travar conhecimento com os executivos e as diferentes áreas da companhia, que atravessa um momento de grandes mudanças. Malan vai somente duas ou três vezes por mês ao Ponto Frio e tem, assim como Gros, funções típicas de assessoria e aconselhamento, não de gestão. ?Ser executivo, com 24 horas por dia de dedicação integral, não é algo que alguém na minha idade deseje?, diz Malan. ?Gosto de dar aulas, gosto de escrever, escolho as palestras que quero dar, gosto dos conselhos de que participo. Estou satisfeito com a vida.? Pelas palestras, os especialistas acreditam que Malan receba em torno de R$ 20 mil ? que correspondem a um ex-ministro da sua estatura que saiu há pouco do governo. Quando se soma isso às aulas e conselhos, é fácil perceber que ele terá, nos próximos anos, um padrão de renda bem mais alto que aquele que gozava como ministro, quando recebia um salário bruto de R$ 8 mil. Nessa época, exatamente no início do segundo mandato de FHC e de Malan, a mulher do ministro, Catarina, chegou a sondar o mercado para vender alguns dos quadros do casal. Agora esse período ficou para trás. ?Mas continuo fiel às minhas idéias: ganhar dinheiro nunca foi para mim um objetivo de vida?, diz Malan.
Quando se olha com cuidado a biografia do ex-ministro, é quase espantoso que ele esteja tão bem adaptado à nova realidade. Malan vem de uma família de funcionários, tem três décadas de militância no debate econômico e sempre se mostrou muito seguro exercendo a função pública. À sua maneira inglesa, ele claramente gostava do que fazia. Imaginava-se que sairia do Ministério da Fazenda para um emprego em Washington, no Fundo Monetário, onde poderia dar seqüência à sua carreira de homem público. Uma proposta desse tipo veio em abril passado, mas foi recusada em nome das ofertas brasileiras. ?Nunca tive planos de morar em Washington o resto da vida?, diz Malan. Era de se esperar que, tendo optado pelo quase anonimato da iniciativa privada, ele sofresse algum problema de auto-imagem e que fosse atacado pela nostalgia do poder, mas não parece ser o caso. Malan declara-se feliz com o tempo que tem para a família e os amigos, gosta de contar que tem ouvido música e lido muito mais, e só fala do governo quando perguntado a respeito ? e, mesmo assim, para manifestar uma saudável eqüidistância em relação ao PT. ?Ele está muito confortável em suas novas funções. Não está sofrendo trauma pós-governo?, diz Gros. Disposto e energético aos 60, talvez a única coisa que o separe de uma carreira empresarial absolutamente triunfante seja a ausência de ambição. Ele diz que
não está interessado em dinheiro e não quer pagar em dedicação integral o preço que o mercado cobra para quem deseja ser o presidente de uma empresa moderna. Malan, que já foi até cogitado para ser presidente da República, está feliz em ser um discreto e bem-sucedido coadjuvante na economia que ajudou a criar como ministro. Não é um mau final para uma boa biografia e nem um
mau começo para uma nova vida.
DO GOVERNO AO MERCADO
Outros integrantes da equipe de FHC que se privatizaram
MILTON SELIGMAN Ex-ministro da Justiça, tucano, é diretor de assuntos corporativos da AmBev
FRANCISCO GROS Ex-presidente do BNDES e da Petrobras, preside a Fosfértil
PEDRO PARENTE Braço direito de Malan na Fazenda e ministro da Casa Civil, preside a RBS
ARMÍNIO FRAGA O ex-presidente do BC comanda a bem-sucedida Gávea Investimentos
BENJAMIN SICSÚ Foi secretário-executivo do Desenvolvimento. Hoje é vice-presidente da Samsung
GUSTAVO FRANCO O homem do câmbio fixo no BC dirige a Rio Bravo, empresa de investimentos
DO GOVERNO AO MERCADO
Outros integrantes da equipe de FHC que se privatizaram
NO HYATT, SEM HOLOFOTES Malan reaprende a ser anônimo
DINHEIRO ? Como é a vida de executivo do ex-ministro Pedro Malan?
PEDRO MALAN ? Eu trabalhei por 37 anos no serviço público, no qual entrei com 23 anos de idade, e me aposentei ao deixar o cargo de ministro da Fazenda, no final de 2002. Sou, portanto, um funcionário público aposentado. Não diria que tenho uma vida de executivo. Depois dos quatro meses de quarentena a que estava
obrigado, aceitei alguns convites que cobrem um amplo
espectro de atividades.
Em que o sr. está trabalhando?
Voltei a dar aulas no departamento de Economia da PUC e aceitei um convite de O Estado de S. Paulo para escrever regularmente no jornal. Tenho sido muito convidado a dar palestras no Brasil e no exterior e aceitei alguns convites para participar do conselho de administração de algumas empresas. Sou vice-presidente do conselho do Unibanco e presidente do conselho da Globex-Ponto Frio. Fui eleito agora para o conselho de administração da Portugal Telecom em Lisboa. Tenho também um outro convite, já aceito, para o conselho consultivo (não de administração) da Alcoa no Brasil. Acho que é o bastante para ter uma vida ativa sem o mesmo grau de tensão que existia no Ministério da Fazenda.
Essa é uma situação provisória ou é assim que o sr. pretende viver os próximos anos?
Estou satisfeito com esse tipo de vida. Ele me dá espaço para fazer o que eu quero. Mas nada é definitivo.
Havia expectativa de que o sr. fosse para Washington, no FMI ou no Banco Mundial.
Fui convidado para ser um dos vice-diretores gerentes do Fundo (a terceira pessoa na hierarquia da instituição, substituindo o ex-ministro da Fazenda do Chile, Eduardo Aninat). Isso foi agora, no final de abril, mas eu já tinha assumido outros compromissos e minha vida tinha tomado um rumo aqui no Brasil. Resolvi declinar do convite. Nunca tive planos de morar o resto da vida em Washington.
Mas na época em que foi convidado a ser ministro, em 1994,
o sr. parece ter hesitado muito em sair de Washington, por causa do salário.
O salário de ministro era muito pior do que o salário de presidente do Banco Central que eu recebia. Tenho emoldurado até hoje o primeiro contra-cheque de janeiro de 1995 com o salário de ministro: R$ 3 mil brutos, dois mil e poucos reais líquidos. Dado meus compromissos, era difícil viver com aquele salário. No mês seguinte passou para R$ 8 mil brutos, R$ 5,7 mil líquidos, onde ficou constante por oito anos.
Quer dizer que o sr. e sua família viveram mensalmente com R$ 5,7 mil por oito anos?
Sim, mas nós tínhamos parte do aluguel da casa em Washington.
Dez anos atrás o sr. dizia que não tinha estudado economia para ganhar dinheiro e até manifestava antipatia pela possibilidade de juntar-se à iniciativa privada depois de sair do governo. Isso mudou?
Sua pergunta traz embutida a idéia de que agora eu estou ganhando muito dinheiro. Não vou lhe contar qual é o salário de professor da PUC nem quanto eu recebo para escrever na imprensa, mas participar de conselhos de administração não é uma forma de se ficar rico. Eu continuo mantendo a mesma idéia: nunca tive ganhar dinheiro como objetivo na vida. Por outro lado, sempre expressei orgulho por ser funcionário público e acho lamentável que alguns tenham visto nisso uma expressão de antipatia pela iniciativa privada, algo que nunca expressei.
O sr. teria reservas em ocupar um cargo executivo em um banco?
Não é uma questão de reservas. É que ser executivo dessa forma, com 24 horas por dia de dedicação integral, não é algo que alguém na minha idade deseje. É simples assim. Tenho 60 anos, vou fazer 61 anos daqui a dois meses. Gosto de dar aulas, gosto de escrever, escolho as palestras que quero dar, gosto dos conselhos de que participo. Estou satisfeito com a vida.
Pelo menos um empresário me disse achar antiético o sr. trabalhar para um banco, tendo em vista as informações de que dispõe e os amigos influentes que deixou no governo.
Acho que esta Revista deveria perguntar às pessoas com quem conversou se elas não estariam talvez pensando no que fariam se estivessem no meu lugar e, portanto, avaliando o caráter dos outros pelo seu próprio. Dispenso lições de ética de pessoas deste tipo.
Nos conselhos o sr. olha mais a macroeconomia ou opina sobre gestão?
Todas essas empresas têm executivos de excelente calibre que são pagos para tocar o dia-a-dia administrativo da empresa. Um membro do conselho não lida com o cotidiano, com as decisões que a instituição toma. Isso vale tanto para o Unibanco quanto para a Portugal Telecom. O membro do conselho discute questões gerais, estratégicas, de médio e longo prazo, que a direção da empresa resolve levar à consideração do conselho. Não é o mesmo que ser o presidente ou o CEO de uma empresa.
O sr. atua como uma espécie de consultor dentro das empresas?
Isso depende da química e do relacionamento entre a diretoria e o conselho. O conselho do Unibanco, por exemplo, é mais ativo que outros tipos de conselho. Lá eu sento em vários comitês. Mas não toco o dia-a-dia do banco, como não vou tocar o dia-a-dia de nenhuma empresa.
Qual é a sua contribuição a uma organização de varejo como o Ponto Frio, tão distante das suas experiências profissionais anteriores?
Há uma dimensão desse trabalho que tem a ver com a avaliação do desempenho geral da economia: perspectivas de crescimento do consumo, perspectivas de expansão do crédito… Essas são coisas que me interessam.
O sr. tem dito nesses conselhos que é hora de investir, que a economia vai crescer?
Em 2004 está ao nosso alcance um crescimento da ordem de 3,5% a 4,0%, mas isso vai depender da forma pela qual, ao longo de 2004, irão se formando as expectativas para 2005 e adiante.
DEPOIS DA QUARENTENA Malan faz a primeira palestra privida
O Marcos Lisboa, do Ministério da Fazenda, diz que se deveria erguer uma estátua ao senhor pelo controle do gasto público…
Eu não atribuo importância a esse tipo
de coisa. Mas, se eu li corretamente,
ele fez uma homenagem à equipe do governo Fernando Henrique que traba-
lhou na área fiscal.
Ficou alguma frustração do governo?
Eu gostaria de ter tido a capacidade de prever a crise da Ásia e a crise da Rússia. Gostaria também de ter sido capaz de evitar a crise de energia em 2001. Como não tenho essa capacidade…
O sr. não lamenta o tempo excessivo em que o real ficou sobrevalorizado em relação ao dólar? Isso causou um enorme desarranjo nas contas nacionais, que persiste até agora…
Este tipo de questão continuará sendo discutida por muito
tempo. Espero que sem as simplificações de praxe e sem
fáceis exercícios de sabedoria ex-post.
Qual foi o pior momento no governo?
O mais angustiante para mim foi o começo, quando passei noites em claro pensando por que tinha aceito a presidência do BC com uma inflação de 2.700% ao ano. Eu sabia que era uma experiência de alto risco, como havia ficado demonstrado com todos os planos econômicos frustrados desde o Cruzado.
Como foi a desvalorização?
Foi uma situação difícil da qual conseguimos sair bem.
O sr. sente algum prazer em ver o PT fazendo as coisas que criticava no senhor?
Não derivo prazer nenhum disso. Eu penso no Brasil. Acho que eles estão fazendo as coisas que têm de ser feitas.
Pessoas que conviveram com o sr. na esquerda, como a professora Maria da Conceição, o acusam de ter mudado demais.
Para mim, que tive um determinado tipo de vida, é muito duro
ouvir esse tipo de crítica. Uma das formas mais rudimentares de desonestidade intelectual e de falta de ética no debate público consiste na atribuição a alguém de idéias que esse alguém nunca expressou, de pensamentos que a pessoa teria tido, mas nunca tornado públicos, de textos que a pessoa nunca escreveu, de
frases que nunca proferiu.
Mas o sr. escreveu aquele texto famoso sobre a dívida, dizendo que o rabo estava balançando o cachorro…
Taí. Esse é um bom exemplo. Eu jamais escrevi isso. Estava numa conferência interna da PUC e fiz um comentário de passagem. Brincando, disse que uma determinada situação lembrava um velho ditado inglês que citei no original. No dia seguinte saiu no jornal ?Malan: rabo sacode cachorro?. Virou ?texto famoso?.
O sr. não gosta que o acusem de ter mudado porque ainda se considera de esquerda ou porque nunca foi de esquerda?
Eu acho que devemos deixar para trás a era da patrulhagem ideológica. Tenho orgulho de minha biografia e do nome que lego
a meus filhos. Os sonhos que tenho para o Brasil sempre foram
os mesmos e expressos publicamente em dezenas de palestras, artigos, entrevistas e debates ao longo dos últimos trinta anos. Qualquer um tem o direito de ignorar isso. Assim como eu
ignoro patrulhas ideológicas.
O termo ?malanismo? o incomoda?
Não me incomoda e nem me lisonjeia. Acho uma bobagem. É no mínimo curioso que alguém precise inventar um termo novo para designar algo que no resto do mundo é considerado obrigação de qualquer governo, como a responsabilidade fiscal e a preservação da inflação sob controle que, vale repetir, não constituem um fim em si mesmo, mais meio para outros fins.
O ex-ministro Delfim costuma dizer que as contas públicas no governo FHC só produziram superávit depois de 1999, sob o tacão do FMI.
Sempre tive grande admiração pelo senso de humor do ex-ministro.