30/07/2019 - 13:13
Seis importantes entidades da Arquitetura e Urbanismo declararam nesta terça-feira, 30, apoio à Ordem dos Advogados do Brasil e ao seu mandatário, Felipe Santa Cruz, depois que o presidente Jair Bolsonaro falou sobre o desaparecimento de seu pai, Fernando, no auge do regime de exceção, em fevereiro de 1974.
As declarações do presidente “atacam preceitos basilares do Estado Democrático de Direito e desrespeitam a memória das vítimas da ação violenta do Estado Brasileiro durante o período da ditadura militar”, dizem arquitetos e urbanistas, por meio de nota divulgada conjuntamente pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura (ABEA), Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA), Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP) e Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (FENEA).
Na segunda-feira, 29, Bolsonaro comentou a atuação do Conselho Federal da OAB, no episódio da tentativa de quebra do sigilo do advogado de Adélio Bispo, que o esfaqueou no dia 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG). O presidente queixou-se da Ordem e apontou para o pai de Felipe. “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele. Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar a essas conclusões naquele momento”, disse.
“Manifestações como essas não são compatíveis com o cargo de Presidente da República, o qual deve respeito à Constituição Federal e às instituições republicanas democraticamente constituídas”, pregam as entidades da Arquitetura e Urbanismo.
A nota segue. “As entidades profissionais têm papel fundamental para a independência e autonomia na prática profissional em prol do desenvolvimento, para o bem da sociedade.”
As seis entidades da Arquitetura e Urbanismo consideram que “ataques velados ou diretos a essas instituições, bem como a seus dirigentes, guardam intenções diversas, entre as quais desqualificar aquelas entidades que se posicionam de forma crítica e autônoma no cumprimento de suas missões institucionais e na defesa da sociedade”.
“Expressamos nossa solidariedade a todas as vítimas dos períodos de exceção a que foi submetido nosso país, desde aqueles que sofreram restrições de liberdade de atuação profissional e de cátedra, até aqueles torturados, ‘desaparecidos’ ou mortos.”
Arquitetos e urbanistas reiteram “compromisso com a democracia e os direitos humanos, entre eles os direitos políticos, sociais e civis, tal qual o direito à cidade justa e democrática”. “Tais preceitos são imprescindíveis para, entre outros propósitos, o livre exercício das profissões em prol do desenvolvimento da Nação de forma republicana e democrática”, pregam os profissionais.