Estudante e ativista Mahmoud Khalil, que participou de manifestações na Universidade de Columbia, foi solto por ordem de juiz após três meses de detenção.O estudante e ativista Mahmoud Khalil, uma figura de destaque nos protestos pró-palestinos da Universidade de Columbia, nos EUA, foi solto na sexta-feira (21/06) após mais de três meses de detenção.

De origem palestina e nascido na Síria, casado com uma americana, pai de um filho nascido nos EUA e com residência legal no país, Khalil foi libertado no final da tarde do centro de detenção do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) em Jena, no estado da Louisiana.

A libertação ocorreu depois que o juiz Michael E. Farbiarz, do tribunal federal de Newark, em Nova Jersey, ordenou a saída sob fiança até a conclusão de seu caso.

“Trump e seu governo escolheram a pessoa errada para isso”, declarou Khalil aos repórteres após deixar a prisão, onde estava detido desde março. Espera-se que Khalil viaje para Nova York para se reunir com a esposa e o filho recém-nascido.

O governo do presidente Donald Trump vinha tentando deportar Khalil e se recusando a libertar o estudante, alegando que ele havia mentido em seu pedido de green card, bem como sobre seu envolvimento em determinadas organizações ou sobre seu trabalho no escritório da Síria na embaixada britânica em Beirute, Líbano, após 2022.

O Serviço de Cidadania e Imigração considera que mentir nesse pedido de residência é fraude.

O juiz Farbiarz afirmou em sua decisão desta sexta-feira que as alegações de fraude não são motivos para que Khalil, que liderou protestos em Nova York no ano passado contra a guerra de Israel na Faixa de Gaza, permaneça detido.

Símbolo

Desde a sua prisão em Nova York, em 8 de março, por protestar contra a guerra na Faixa de Gaza, Khalil se tornou um símbolo da ofensiva do governo do presidente Donald Trump ao movimento estudantil pró-palestinos.

De todos os presos na repressão, o único que permanecia detido era Khalil.

“Isso não deveria ter levado três meses”, disse Khalil à imprensa local, ao sair do centro de detenção usando uma kufiya — um lenço tradicional palestino.

Segundo os termos de sua libertação, ele não poderá sair de Estados Unidos, salvo para uma “autodeportação”, e terá restrições para viajar dentro do país.

Enquanto isso, Noor Abdalla, esposa de Mahmoud Khalil, comemorou a libertação em comunicado.

“Podemos finalmente respirar aliviados e saber que Mahmoud (Khalil) está voltando para casa, e para mim e Deen, que nunca deveria ter sido separado de seu pai”, comentou.

A esposa apontou ainda que a decisão do juiz e a libertação de seu parceiro não fazem nada para reparar as injustiças que o governo Trump infligiu à sua família e a “tantos outros que o governo está tentando silenciar por se manifestarem contra o genocídio israelense contra os palestinos”.

Por outro lado, Tricia McLaughlin, porta-voz do Departamento de Segurança Nacional, criticou que a ordem do juiz e a libertação foram “mais um exemplo de como membros do Judiciário fora de controle estão minando a segurança nacional”.

Khalil foi detido com base na aplicação de uma lei de 1952, defendida pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que alegava que suas atividades colocaram os interesses dos Estados Unidos em risco. No âmbito da campanha contra estudantes pró-palestinos, o governo republicano suspendeu e revogou mais de 1.000 vistos e residências permanentes.

jps (EFE, AFP)