Centenas de manifestantes invadiram neste sábado (09/07) em Colombo a residência oficial do presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, durante um dia de protestos maciços para exigir a renúncia do chefe de governo por sua gestão da crise econômica.

Os manifestantes romperam o perímetro de segurança em torno da residência oficial de Rajapaksa, no centro de Colombo, apesar de a polícia ter recorrido a gás lacrimogêneo para tentar impedir a invasão, segundo o jornal local Ada Derana. A publicação afirmou que o presidente já havia deixado o prédio.

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“O presidente foi escoltado para um lugar seguro”, afirmou uma fonte à agência de notícias AFP. “Ele ainda é o presidente, está sendo protegido por uma unidade militar.”

Membros da multidão transmitiram imagens ao vivo nas mídias sociais mostrando centenas de pessoas andando pelo palácio presidencial, cantando entre corredores e quartos.

A mansão estatal da era colonial é um dos principais símbolos do poder estatal do Sri Lanka, e autoridades disseram que a saída de Rajapaksa levantou dúvidas sobre se ele pretende permanecer no cargo. “Estamos aguardando instruções”, disse um alto funcionário à AFP. “Ainda não sabemos onde ele está”, afirmou, acrescentando que o governante está sendo protegido pelos militares do país e “em local seguro”.

O principal hospital de Colombo disse que 14 pessoas estavam sendo tratadas após serem atingidas por bombas de gás lacrimogêneo.

Protestos maciços

Milhares de pessoas se reuniram neste sábado em Colombo e em outras cidades do país no terceiro mês de protestos contínuos para exigir a renúncia de Rajapaksa por sua gestão da crise econômica.

“Queremos uma mudança, queremos que este presidente vá embora”, disse Lakmal Perera à agência de notícias EFE, um trabalhador do setor privado que estava entre as centenas de manifestantes reunidos perto do parque Galle Face Green, epicentro dos protestos em Colombo.

“Gotabaya está louco”, “Gotabaya está com medo” ou “Gotabaya vá para casa” eram alguns dos slogans entoados na capital pelos manifestantes.

Por causa da situação caótica, o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe convocou uma reunião de emergência com os líderes dos partidos políticos do país, cobrando uma “resolução rápida” para a crise política, e também solicitou a convocação do Parlamento, informou seu gabinete, em comunicado.

As autoridades impuseram na noite desta sexta-feira um toque de recolher em vários pontos da Província Ocidental, onde fica a capital, após uma marcha de protesto organizada por estudantes universitários, embora as restrições tenham sido suspensas na manhã de sábado após duras críticas.

A Ordem dos Advogados do Sri Lanka disse em um comunicado que o toque de recolher era “claramente destinado a silenciar a liberdade de expressão e a dissidência”.

O diretor da Comissão de Direitos Humanos do Sri Lanka, Rohini Marasinghe, afirmou em outro comunicado estar “alarmado” com as ordens dadas ao Exército do país para preparar as tropas para manterem a ordem nas ruas.

Crise econômica

A situação de violência no país ocorre em meio a uma das piores crises econômicas que o Sri Lanka vive desde a sua independência, em 1948. O Sri Lanka sofre meses de escassez de alimentos e combustível, longos apagões e inflação galopante depois de ficar sem divisas estrangeiras para importar bens vitais.

A tensão e o descontentamento aumentaram na ilha no final de março, quando as autoridades impuseram cortes de energia de mais de 13 horas, o que levou a população a sair às ruas para exigir a demissão do governo.

Desde então, centenas de manifestantes se instalaram nas proximidades da sede de governo em Colombo e protestos pacíficos se tornaram constantes em todo o país.

O Sri Lanka deixou de pagar sua dívida externa de 51 bilhões de dólares e está em negociações de resgate com o Fundo Monetário Internacional.

Nove pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas quando confrontos eclodiram em todo o país depois que partidários de Rajapaksa atacaram manifestantes pacíficos do lado de fora do escritório do presidente em maio.

md (EFE, AFP)