Os manifestantes voltaram às ruas em diferentes partes do Irã, neste sábado (15), em protesto pela morte da jovem Mahsa Amini, recebendo o apoio do presidente americano, Joe Biden, que disse “estar do lado dos cidadãos, das corajosas mulheres do Irã”.

Apesar de as autoridades terem bloqueado as redes sociais mais populares no país, os ativistas lançaram um chamado on-line sob o lema “O começo do fim!” do regime para se manifestar em massa neste sábado. Assim, a despeito de uma sangrenta repressão por parte do governo, o movimento de protesto entra em sua quinta semana.

Os ativistas convocaram a população a se manifestar em lugares onde as forças de segurança não estejam presentes e a gritar “Morte ao ditador”, em referência ao líder supremo Ali Khamenei.

Como mostram vídeos publicados no Twitter, os manifestantes tomaram as ruas da cidade de Ardabil (noroeste) neste sábado.

Os lojistas entraram em greve em Saqez, a cidade original de Amini, na província do Curdistão, e em Mahabad, também no noroeste, relata o veículo 1500tasvir, que acompanha os protestos.

“Liberdade, liberdade, liberdade!”, gritaram mulheres jovens em um centro educacional em Teerã, agitando seus véus no ar, descreveu o 1500tasvir.

De acordo com o Hengaw, um grupo de defesa dos curdo-iranianos com sede em Oslo, também foram registrados protestos em Ney, no Curdistão iraniano (oeste).

“Estudantes do ensino médio do povoado de Ney, em Marivan (oeste), atearam fogo à rua e entoaram palavras de ordem contra o governo”, afirmou o Hengaw.

Manifestações nas universidades de Teerã, Ispahan e Kermanshah também aconteceram, segundo vídeos publicados na Internet.

“Os mulás devem ir embora!”, gritou um grupo de alunas sem véu, neste sábado, na Escola técnica e profissional Shariati, de Teerã, segundo outro vídeo on-line.

Em Al Hamedan, ao oeste da capital, os manifestantes lançaram projéteis contra as forças de segurança perto de uma importante rotunda, conforme imagens verificadas pela AFP.

Em resposta, o Conselho Islâmico de Coordenação do Desenvolvimento, encarregado de organizar manifestações oficiais, convocou as pessoas a expressarem “sua raiva revolucionária contra os sediciosos e agitadores”.

Membros aposentados dos Guardiães da Revolução, o Exército ideológico da República Islâmica, também se reuniram hoje, informou o jornal reformista Shargh.

No encontro, um comandante dos Guardiães disse que três membros da milícia paramilitar Basij morreram, e 850 ficaram feridos, em Teerã, desde o início da “sedição”, disse a agência de notícias oficial Irna.

A indignação provocada pela morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curdo-iraniana de 22 anos, sob custódia policial, deflagrou a maior onda de manifestações e de violência no Irã desde os protestos de 2019 contra o aumento dos preços da gasolina neste país rico em petróleo.

Amini foi presa em 13 de setembro pela polícia da moralidade de Teerã, por supostamente violar o rígido código de vestimenta da República Islâmica para mulheres.

– Apoio de Biden –

Os protestos geraram manifestações de solidariedade em outros países.

Estados Unidos e União Europeia determinaram sanções contra funcionários iranianos envolvidos na repressão que deixou pelo menos 108 mortos, incluindo 23 menores com idades entre 11 e 17 anos, segundo a ONG Anistia Internacional.

Ontem à noite, os manifestantes receberam o apoio do presidente Joe Biden, que garantiu que os Estados Unidos estão “do lado dos cidadãos, das corajosas mulheres do Irã”.

“O Irã deve pôr fim à violência contra seus próprios cidadãos que estão, simplesmente, exercendo seus direitos fundamentais”, afirmou Biden, que estava na Califórnia.

Antes que a UE imponha sanções a Teerã, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, pediu ao bloco que adote uma “visão realista” das manifestações.

O Irã é um “um pilar de estabilidade e segurança duradouras na região”, lembrou o chanceler em uma conversa por telefone, ontem, com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.