02/12/2009 - 8:00
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Casa Versace: localizada em Miami, ela atrai curiosos todos os anos |
Em julho de 1997, o estilista italiano Gianni Versace foi assassinado, à queima-roupa pelo gigolô Andrew Philip Cunanan, na porta de sua mansão localizada em Ocean Drive, a avenida à beiramar mais badalada de Miami. De uma hora para outra, o lugar foi convertido em uma espécie de meca do turismo mórbido.
Milhares de pessoas se postavam na frente da propriedade apenas para sacar uma foto do lugar onde Gianni havia sido alvejado com dois tiros na nuca. Em 2000, três anos depois da tragédia, ela ganhou outros aspectos de atratividade. Comprada pelo bilionário Peter Loftin, um empresário das telecomunicações, a casa foi transformada em sede de um clube privado cuja taxa de adesão chegava a US$ 50 mil, abrigava um hotel-butique e também um requintado restaurante.
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como Madoff: Rothstein (à dir.) causou perdas de US$ 1 bilhão no mesmo esquema de pirâmide adotado pelo famoso fraudador de Wall Street |
Apesar do glamour do local, sede de festas de arromba, o empreendimento não era lucrativo. Por isso, quando o advogado e investidor americano Scott Rothstein apareceu com uma proposta de compra, Loftin não pensou duas vezes e vendeu uma parte da casa em agosto deste ano. Ele só não contava que, em apenas dois meses, a Mansão Versace se tornaria novamente símbolo de desgraça. Motivo: o tal Scott Rothstein faz parte de um esquema de fraude de pirâmide, como o que fez Bernard Madoff, no ano passado, e estima- se que já tenha causado um desfalque de US$ 1 bilhão.
Soma-se a isso que a Mansão Versace possui dívidas em impostos que chegam a US$ 160 mil. Problemas suficientes para ela ter sido fechada no início de novembro. O esquema de Rothstein consistia em atrair investidores que aplicavam dinheiro em fundos inexistentes.
O larápio chegava a prometer retornos de até 40% e até alguns sócios do clube que funcionava na Mansão Versace foram ludibriados. A fraude, entretanto, começou a ser descoberta em outubro passado, após denúncias de membros do fundo que se sentiram lesados.
Agentes do FBI e da Receita passaram então a investigar sua empresa de advocacia, a Rothstein Rosenfeld Adler, e descobriu-se que Rothstein tinha um patrimônio que incluía 20 carros, incluindo três Ferrari, um iate, joias, uma conta de US$ 12 milhões no Marrocos, entre outros bens. Sua firma de advocacia não atende telefonemas. Assim que Loftin, sócio majoritário da Mansão Versace, soube do escândalo, dispensou os funcionários e fechou a propriedade para proteger seus bens, já que Rothstein está sob investigação.
“A Mansão Versace é uma propriedade icônica dos EUA. Não acredito que um caso como esse tenha algum impacto em sua reputação ou que as pessoas deixem de frequentar o local quando for reaberto”, diz Fernando Garcia-Chacon, vice-presidente sênior do escritório de Miami da consultoria Jones Lang LaSalle Hotels. Enquanto isso, o FBI continua procurando as vítimas de Scott Rothstein. Os curiosos e suas máquinas fotográficas esperam ansiosamente.