23/11/2005 - 8:00
A cifra é espantosa: R$ 15 milhões. Esse é o valor de uma mansão à venda no condomínio residencial Tamboré III, em Barueri, região metropolitana de São Paulo ? uma das mais caras entre as disponíveis na cidade. Não é apenas o preço que surpreende. As dimensões do imóvel são tão impressionantes quando o valor: 2,2 mil metros quadrados de área construída em dois terrenos, que totalizam 2,85 mil metros quadrados. Nesse espaço estão distribuídos mais de 20 cômodos, em três andares de construção. A obra começou há dois anos e terminou em agosto passado, quando o proprietário, um empresário de concessionárias de automóveis, desistiu de morar ali e decidiu vender a casa. O imóvel chama a atenção pelas proporções gigantescas e pelo estilo arquitetônico inspirado nos castelos franceses do século XVIII. A mansão é também uma amostra do bom momento que vive o mercado de luxo no País, especialmente o setor de casas em condomínios residenciais. De acordo com dados da Embraesp, empresa especializada no setor imobiliário, foram construídas 148 casas em condomínios na capital paulista entre 2000 e 2005. Dessas, 18 foram lançadas entre janeiro e setembro deste ano.
?A mansão da Alameda Fiji é o imóvel mais caro que já comercializamos e um dos mais espetaculares?, diz Sidnei Ghendov, proprietário da Sifra Imobiliária. ?Ela se destaca não somente pelas dimensões, mas também pelo padrão de qualidade e acabamento?. São nove dormitórios, sala de piano, sala com lareira, sala de leituras, escritório e dois ambientes de living com pé-direito duplo. Segundo Eliana Berardo, arquiteta responsável pelo projeto, boa parte do material veio do exterior. É o caso das telhas espanholas chamadas ?pisarras?. Para cobrir mais de mil metros quadrados de telhado, foram usadas cerca de 24 mil telhas, cada uma ao preço de US$ 1,36. Valor da conta da cobertura: mais de US$ 32,6 mil. No jardim da mansão destaca-se uma pirâmide de vidro, que abriga o salão de festas de 300 metros quadrados no subsolo.
O acabamento luxuoso e as proporções gigantescas, no entanto, não são o principal fator a determinar o valor da casa. ?Em geral, a localização é o que mais pesa na hora de dar preço a um imóvel de luxo?, diz Daniel Citron, presidente da incorporadora imobiliária Tishman Speyer, especializada no segmento. Tamboré e Alphaville, duas das regiões com maior potencial de valorização de São Paulo, comprovam a teoria. Ali, o preço do metro quadrado do terreno saltou de R$ 300 em 2002 para R$ 1 mil em 2005, uma valorização de mais de 230%. Outros investidores aproveitam o bom momento da região para oferecer casas semelhantes. É o caso de uma residência de 1,4 mil metros quadrados de área construída, localizada também em Tamboré III, à venda pela Sifra. Preço: R$ 7,5 milhões. ?As casas de luxo são favorecidas por um fenômeno social que afeta o mercado imobiliário brasileiro?, observa Citron. Ele se refere à expansão da classe média brasileira e ao envelhecimento da população, que prioriza residências mais espaçosas e seguras. ?Além disso, o nicho de imóveis de luxo é menos suscetível a crises econômicas?, resume.