30/09/2024 - 9:40
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, 30, que o “mantra” da pasta é reduzir o impulso fiscal e melhorar as condições macroeconômicas do País para garantir o aumento dos investimentos. “Se você imaginar que o Estado vai fazer o papel da sociedade, do consumo das famílias, das exportações, do investimento privado, você vai cometer um erro”, disse Haddad, em entrevista à rádio CBN.
Haddad afirmou que o crescimento do déficit público, nem sempre é sinônimo de estímulo à economia. “Em alguns casos, quando a economia está em recessão, enfrentando uma pandemia, ou casos de países que estão em guerra, você pode usar mecanismos de expansão fiscal para garantir o crescimento do PIB. Não é o nosso caso”, reforçou o ministro, pontuando que a Fazenda tem uma “preocupação incisiva” de manter as despesas dentro do que prevê o arcabouço fiscal.
Para Haddad, o cumprimento do arcabouço fiscal é o caminho para o Brasil reequilibrar as contas públicas e garantir crescimento econômico com baixa inflação.
Ele lembrou, por exemplo, que entre 2015 e 2022 a economia não cresceu enquanto o gasto público “disparou” e que, por isso, descumprir o arcabouço agora significaria repetir os erros desse período.
“A receita do País cresce hoje por conta do crescimento econômico, coisa que não acontecia há muitos anos. Agora, se nós não limitarmos a despesa ao arcabouço fiscal, nós não vamos conseguir superar os dez anos de déficit público que nós tivemos, com baixo crescimento”, avaliou Haddad, reforçando, mais uma vez, que o governo quer equilibrar as contas agora para manter o crescimento da economia.
Rio Grande do Sul
Durante a entrevista, Haddad afirmou que o pacote de ajuda emergencial ao Rio Grande do Sul neste ano foi uma ação “tópica” e “única” que não vai se repetir. “Nós fizemos uma ação de cerca de R$ 20 bilhões fora do arcabouço para socorrer o Rio Grande do Sul”, disse Haddad, frisando que a medida foi positiva e contribuiu para uma recuperação do Estado mais rápida do que o esperado.
“Neste caso foi razoável excluir as despesas de ajuda ao Rio Grande do Sul do limite do arcabouço. Nem eu tenho argumento para dizer que você vai ter que tirar dinheiro da educação e da saúde das pessoas para direcionar ao Rio Grande do Sul. Você faz uma ação emergencial”, detalhou o ministro.