Antecipando uma troca que estava programada para junho, o executivo francês Georges Plassat se tornou o terceiro CEO da rede varejista francesa Carrefour em três anos, ao substituir o sueco Lars Olofsson, na quinta-feira 24. Uma das primeiras notícias que aterrissaram na mesa de Plassat veio do Brasil. O Atacadão, rede de atacarejo pertencente ao grupo europeu, demitiu cerca de 400 funcionários no País. Nos últimos meses, os cortes já atingiram duas mil pessoas, segundo fontes da empresa. É fato que o Carrefour não passa por uma boa fase. A receita operacional cresceu apenas 1%, no ano passado. O lucro líquido encolheu 14%, para € 371 milhões. Mas o Atacadão é um ponto fora da curva nesse cenário. 

 

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Suas 90 lojas respondem por mais da metade do faturamento e por três quartos do lucro da operação brasileira, cuja receita está na casa de R$ 28 bilhões. Por que, então, exigir sacrifícios justamente de quem está ajudando o grupo varejista a sair da crise? “O Carrefour teve um 2011 péssimo e está se reestruturando em todo o mundo”, afirma um executivo da companhia, que não quer ser identificado. “O corte deve ser visto como um aceno feito pela direção do Atacadão ao novo CEO do Carrefour, mostrando que está fazendo sua parte.” Em outras palavras, a cota de sacrifício será igual para todas as operações do Carrefour pelo mundo, independentemente de seu desempenho. 

 

As demissões no Atacadão, que representam cerca de 10% de sua força de trabalho, parecem não ser um problema imediato. Mesmo o impacto financeiro dos cortes será pequeno. O verdadeiro problema é a dúvida que eles levantam em relação aos planos de expansão da bandeira no Brasil. Comandado pelo holandês Gerard Scheij, ex-CEO da rede sergipana de supermercados GBarbosa, a rede tem um plano de abrir 20 novas lojas neste ano. E cada uma delas implica a contratação de 200 novos funcionários. “O plano está mantido a princípio”, afirma a mesma fonte do Carrefour. “A pergunta que se faz é se a direção do grupo vai autorizar os investimentos num momento em que contenção de custos é a nova ordem.” 

 

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