19/05/2017 - 10:44
Um novo estudo feito por cientistas americanos aponta que uma elevação do mar de 5 até 10 centímetros dobrará o risco de inundação na maior parte das regiões costeiras do mundo. O estrago será maior nas cidades litorâneas das regiões tropicais, incluindo a costa brasileira. De acordo com a maior parte dos estudos realizados até hoje sobre o tema, entre 2030 e 2050 a elevação dos oceanos será de 5 a 10 centímetros.
Segundo os autores do novo estudo, que foi liderado por Sean Vitousek, da Universidade Illinois em Chicago, nos Estados Unidos, as inundações costeiras são causadas por ressacas extremas, que por sua vez resultam de fatores simultâneos como ondas, ventos e marés. “Mas, até agora, as estimativas de aumento das inundações ligadas à elevação do nível do mar não incluíam os efeitos de ondas, marés e ressacas – e por isso os riscos estavam subestimados”, disse Vitousek ao Estado. “Considerando esses fatores, em muitas regiões, uma pequena elevação do oceano já será suficiente para dobrar as inundações”, afirmou.
Segundo o estudo, as regiões com variabilidade mais limitada do nível da água – que se concentram nos trópicos – terão o maior aumento na frequência de inundações costeiras. De acordo com Vitousek, o impacto das inundações nos trópicos poderá destruir as economias em desenvolvimento das cidades costeiras equatoriais e tornar as nações insulares do Oceano Pacífico inabitáveis.
Brasil
De acordo com o mapa feito pelos cientistas, na parte norte da costa brasileira – do Amapá até a Paraíba -, uma elevação de 2,5 centímetros no nível do mar já dobrará os eventos de inundações das cidades costeiras. Na faixa que vai da Paraíba até o Rio de Janeiro, será preciso uma elevação de 5 centímetros para dobrar a destruição costeira. Entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, as inundações serão dobradas com uma elevação de 7,5 centímetros. “Considerando vários fatores combinados – como a urbanização local, por exemplo -, cidades como Vitória e Rio de Janeiro sofrerão bastante impacto”, declarou Vitousek.
No artigo, os cientistas afirmam que a elevação do nível do mar tem seis consequências principais: inundação passiva de áreas costeiras baixas durante as marés altas, maior frequência, severidade e duração das inundações costeiras, aumento da erosão das praias, inundação das águas subterrâneas com água salgada, mudanças na dinâmica das ondas e o deslocamento de comunidades.
Para realizar o estudo, os cientistas utilizaram um método estatístico conhecido como teoria do valor extremo. Eles combinaram as projeções de elevação do nível do mar com modelagens matemáticas, com base em séries históricas, da variação de marés, da altura das ondas e de tempestades oceânicas. Com isso, foi possível estimar a provável intensificação das inundações costeiras. “Em geral, a elevação do nível do mar ao longo das décadas é significativamente menor que as flutuações normais causadas por marés, ondas e tempestades.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.