De qualquer ângulo que se observe o agro brasileiro, a sustentabilidade aparecerá como uma grande oportunidade, em todos os sentidos, inclusive de negócio. Bom exemplo disso é que as cifras do mercado de bioinsumos (defensivos agrícolas biológicos e bioinoculantes) chegaram R$ 1,7 bilhão na safra agrícola 2020/21, valor que representa crescimento de 37% sobre o registrado na temporada anterior. Esses números estão no levantamento BIP (Business Inteligence Panel), da consultoria Spark Inteligência Estratégica. Por si só esse avanço já seria bastante representativo, mas fica ainda mais expressivo diante do momento que vivemos, ainda sob os efeitos de uma pandemia.

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Essa expansão dos produtos biológicos reforça a movimentação dos segmentos agrícolas em direção ao equilíbrio entre produtividade e ganho ambiental. Quando se reduz a necessidade de aplicar defensivos químicos sobre as lavouras, até mesmo esses produtos são beneficiados, pois podem ter um tempo de vida maior, entre outros fatores. Não por acaso, as inovações biológicas já se tornaram praticamente obrigatórias na temporada de lançamentos de soluções tecnológicas das empresas líderes do setor de defensivos agrícolas.

Arrisco a dizer que dificilmente alguém que vive o dia a dia do agronegócio ainda chame de tendência o segmento de biológicos. Além de virar uma indiscutível realidade, ganhou caráter oficial a partir do lançamento do Programa Nacional de Bioinsumos, em maio do ano passado. A própria ministra Tereza Cristina afirmou, na ocasião, que muitos bilhões poderão ser economizados nos próximos anos por conta dessa tecnologia. Em 2020, foram registrados 96 novos produtos biológicos no País, praticamente o dobro do recorde anterior, de 50 registros, em 2018.

Além da questão de negócio – segundo informações da CropLife Brasil, o mercado global de biológicos é estimado entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões –, o crescimento do leque de soluções biológicas ainda pode favorecer a imagem da agricultura brasileira. Seja em cúpulas internacionais para discutir o futuro da produção de alimentos, fibras e energia, seja diante dos mais diversos consumidores por aqui mesmo. Quanto mais e melhor o agro mostrar suas práticas sustentáveis, maiores serão as chances de ser visto e compreendido como realmente é: um setor indispensável para o País.