Pesquise em sua casa, examine o bolso, estenda seu olhar aos objetos e aparelhos que o cercam. Muito provavelmente, você encontrará peças que adquiriu sem pensar no custo ou até mesmo no desempenho. Grande parte de suas decisões de compra foi emocional. Na história da indústria e do comércio brasileiros, algumas marcas singulares funcionam assim e perpetuam seu valor até hoje. ?Com o desenvolvimento tecnológico, empresas tradicionais perderam grandes diferenciais. As marcas passaram a ser o importante?, afirma José Graça Aranha, presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), entidade que apoiou a publicação pela Editora Senac do livro Marcas de Valor no Mercado Brasileiro.

A publicação, que analisa o histórico das marcas mais valorizadas do País, tem exemplos como o da manteiga Aviação, que existe há 80 anos. A embalagem alaranjada, ao longo do tempo, foi ficando antiga. O avião do rótulo deixou de voar, as cores da lata ficaram fora de moda e a manteiga ganhou um charme nostálgico. Virou cult entre consumidores, o que acabou sendo o seu grande trunfo. O mesmo ocorreu com os produtos da Confeitaria Colombo. A tradicional geléia de mocotó, servida em copos de vidro, é ainda hoje uma presença certa em lares brasileiros.

Precursor da indústria de medicamentos fitoterápicos do Brasil, o luso José Granado tornou-se íntimo de figuras ilustres da sociedade brasileira, como o imperador Dom Pedro II. Em 97 anos, o polvilho Granado só mudou de embalagem duas vezes. Mas, está cada vez mais atual. O mais popular dos desodorantes nacionais, o Leite de Rosas, uma criação do seringalista amazonense Francisco Olympio de Oliveira, ganhou até declaração de amor de Carmem Miranda. O valor de marcas tradicionais pode ser também medido no caso da Malzbier. Alvo de disputa da Brahma e Antarctica, a bebida lançada em 1914 ganhou a ampla e fiel adesão do público feminino. A mesma fidelidade é demonstrada em relação ao amido de milho Maizena. O produto nasceu nos Estados Unidos, onde os índios Sioux cultivavam o milho, ganhou a clássica caixa de papelão amarelo, o nome Maizena e o paladar brasileiro.