A Marfrig Global Foods encerrou o primeiro trimestre de 2023 com prejuízo líquido de R$ 634 milhões, revertendo lucro líquido de R$ 109 milhões em igual período de 2022, informou a companhia nesta segunda-feira, 15, depois do fechamento do mercado. “O resultado (é) explicado pelo impacto limitado a nossa participação (33,27%) no resultado da BRF”, informou a empresa, em comunicado de divulgação dos resultados trimestrais.

O Ebitda ajustado recuou 45,5%, de R$ 2,749 bilhões para R$ 1,498 bilhão no primeiro trimestre de 2023, enquanto a margem Ebitda ajustada ficou em 4,7% contra 12,3% um ano antes. A receita líquida aumentou 42,2%, para R$ 31,757 bilhões, de janeiro a março deste ano.

“Tradicionalmente, por razões sazonais, o primeiro trimestre do ano é o mais desafiador nas Operações da América do Norte, tanto em termos de oferta de animais quanto em termos de demanda por carne. Mesmo assim, apresentamos um resultado com margens satisfatórias, acima da média do mercado, fruto de um modelo de negócio bem estruturado e mais resiliente”, disse o fundador e presidente do Conselho de Administração da Marfrig, Marcos Molina dos Santos, no comunicado.

Segundo Molina, na Operação na América do Sul, mesmo com um mês sem vendas para a China devido ao autoembargo brasileiro às exportações após o episódio de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) no Pará, foi registrado crescimento no volume de venda ante igual período de 2022. Já na BRF, o executivo destacou que “os esforços em melhorias operacionais já são perceptíveis e contribuem de forma importante para a melhora das margens operacionais e consequentemente na consolidação dos resultados”.

A proteína bovina – foco das operações da Marfrig na América do Sul e na América do Norte – representou 59% da receita líquida total da empresa no trimestre. Produtos derivados de proteínas de aves e suínos – mercados nos quais a BRF está entre as líderes globais – tiveram participação de 41% nas vendas.

“O investimento em crescimento orgânico realizado ao longo dos últimos anos está chegando em fase de maturidade”, disse Molina, no comunicado. “Esses investimentos aumentaram o porcentual de participação, na receita líquida, dos produtos com marcas e de maior valor agregado.”

De acordo com a empresa, a dívida líquida subiu 90%, de RS 21,168 bilhões para RS 40,223 bilhões no período. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, passou de 1,36 vez no primeiro trimestre de 2022 para 3,5 vezes no primeiro trimestre deste ano, em reais. O fluxo de caixa operacional atingiu R$ 673 milhões de janeiro a março. Os investimentos consolidados no primeiro trimestre foram de R$ 1,09 bilhão.

A operação América do Norte, capitaneada pela National Beef, registrou receita líquida de R$ 13,419 bilhões no primeiro trimestre, recuo de 15,5% em relação a igual período de 2022, ou em dólares, US$ 2,583 bilhões (-14,6%). O Ebitda ajustado ficou em RS 527 milhões, queda de 77,9% na mesma base comparativa. Em dólares, foram US$ 101,5 milhões (-77,7%). A margem Ebitda ajustada da operação foi de 3,9%, contra 15% um ano antes.

O volume total comercializado pela unidade foi de 466 mil toneladas. Do total, 400 mil toneladas (86%) foram destinadas ao mercado interno dos EUA e 14% ao mercado externo, com destaque para Japão e Coreia do Sul.

Já na Operação América do Sul, que engloba Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, a receita líquida caiu 19,2%, para R$ 5,217 bilhões no primeiro trimestre de 2023. O Ebitda ajustado consolidado alcançou R$ 408 milhões, queda de 0,5%, enquanto a margem Ebitda ajustado consolidado passando de 6,4% para 7,8%. O volume de vendas foi de 354 mil toneladas, 2,8% maior na comparação anual. As exportações representaram 55% da receita da operação. Aproximadamente 63% do total das vendas externas foram destinadas a China e Hong Kong.

A companhia informou ainda os resultados da operação BRF, com receita líquida consolidada de R$ 13,121 bilhões, Ebitda ajustado de R$ 607 milhões e margem Ebitda ajustada de 4,6%.