08/05/2015 - 11:11
O diretor Administrativo e Financeiro da Marfrig, Ricardo Florence dos Santos, ponderou que o fluxo de caixa livre da empresa foi afetado por um maior volume nas compras à vista de gado no mercado interno e pelo aumento do preço do gado. O executivo participou de coletiva de imprensa sobre os resultados do primeiro trimestre de 2015.
A Marfrig Global Foods registrou fluxo de caixa livre negativo de R$ 88 milhões no primeiro trimestre de 2015, conforme relatório de resultados divulgado nesta sexta-feira, 08. Em igual período do ano passado, o fluxo de caixa livre era positivo em R$ 16 milhões.
Em comentário, a Marfrig destacou que o resultado foi impactado principalmente pela conta de fornecedores, que reduziu em R$ 108 milhões o capital de giro e contribuiu para o aumento temporário do ciclo de caixa em 5 dias.
“Principalmente o maior volume de compras à vista no mercado interno causou uma redução do financiamento pela conta de fornecedores dentro do período”, declarou o executivo. Ele destacou que parte do efeito foi compensado dentro do ciclo de caixa na linha de contas a receber e de estoques.
Arroba
Já o CEO da Marfrig Beef, Andrew Murchie, considerou que há um processo de “readequação” do preço da arroba do boi no mercado brasileiro desde o começo de maio. Na coletiva de imprensa, ele considerou que o custo da produção em confinamento está menor devido ao custo dos grãos.
“Desde o final de abril e no começo de maio começamos a ver um pouco mais de oferta e já há um ajuste acontecendo em algumas regiões, há alguns Estados com uma pequena readequação de preço”, afirmou. Ele completou que o ajuste ainda não é muito expressivo, mas disse que deve ocorrer em outros Estados com aumento da oferta.
Exportações
A Marfrig Global Foods considera que o mercado para exportações do Brasil tem melhorado desde o final do primeiro trimestre de 2015. Em coletiva de imprensa, o presidente da companhia Martin Secco Arias afirmou que já é possível observar melhorias nos mercados que já são compradores e ainda destacou a perspectiva de abertura do mercado dos Estados Unidos e retomada da China.
Murchie afirmou que a companhia já observa desde março uma retomada nas compras da Rússia e da Venezuela, dois importantes mercados para carne bovina brasileira que estavam com demanda fraca em janeiro e fevereiro.
“A vantagem é não só ter dois países novos, mas equilíbrio em volume que retira a pressão de países como o Egito e países do Oriente Médio”, disse o executivo. Ele ainda considerou que as exportações do Brasil devem se tornar um destaque nos resultados da companhia. “Outros grandes produtores de carne do mundo que são os Estados Unidos e a Austrália estão com um cenário mais difícil em relação a rebanho e dado o cenário doméstico do Brasil, vamos sem dúvida ver o Brasil como o país mais importante em volume e preço”, comentou.
Sobre Estados Unidos e China, Arias afirmou que a companhia vê com bons olhos o fato de questões técnicas e sanitárias já estarem “encerradas satisfatoriamente”. Ele afirmou ainda que acredita que se espera a ratificação do acordo comercial com os EUA em 30 de junho. No caso da China, a expectativa é de novidades a partir de 18 de maio, depois da visita do primeiro ministro chinês Li Keqiang ao Brasil.
Murchie ainda destacou que os novos mercados devem fazer com que a participação das exportações na receita da Marfrig Beef no Brasil cresça acima do esperado. A companhia chegou a um patamar de 45% em 2014 de receita vindo de exportações e espera superar os 50% em 2015.
IPO
A Marfrig segue com o propósito de realizar a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Moypark, sua subsidiária de frangos e processados na Europa, no segundo semestre de 2015, informou Arias.
O executivo afirmou que a companhia já contratou bancos para o IPO no Reino Unido, que poderá ocorrer na janela de setembro e outubro. Ele destacou que a empresa decidiu por esperar a realização das eleições no país e o período das férias de verão. A participação a ser vendida na Moypark será minoritária, de acordo com a empresa, mas mais detalhes não foram fornecidos. “Em setembro ou outubro vamos colocar essa oferta e, em função da resposta que tenhamos e da avaliação do mercado, decidiremos se vamos alocar ou não, mas acreditamos que sim”, disse.