O advogado do presidente Michel Temer, Antonio Claudio Mariz, afirmou nesta quarta-feira, 20, na chegada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que acredita que a mudança no comando da Procuradoria-Geral da república, com a saída de Rodrigo Janot e a chegada de Raquel Dodge, vai colocar o Ministério Público “nos trilhos”. A expressão é uma das usadas pelo governo federal como slogan para tentar destacar a recuperação econômica.

Para Mariz, ficou claro que havia “excessos” na conduta de Janot. “As razões do excesso eu não sei, houve sim. Denunciamos excessos e espero que agora haja o cumprimento dos deveres do MP de forma mais comedida, menos midiática e que efetivamente auxilie a justiça a aplicar o direito”, disse.

Mariz afirmou ainda que o Ministério Público não “é justo ou injusto”, pois ele não tem o papel de aplicar a Justiça. “Espero que o MP entre nos trilhos, volte aos seus trilhos. (O MP) Representa o fiscal do cumprimento da lei e vai atrás do justo. E quem julga é o juiz de direito num tripé entre defesa, MP, que acusa, e o juiz”, explicou. “São os trilhos que devem ser seguidos para que haja distribuição de justiça.”

O advogado de Temer afirmou ainda que não faz prognósticos sobre o julgamento de hoje e que “isso não é jogo de futebol”. “Sabemos que a justiça defere ou indefere nossos pedidos e nós respeitamos”, disse. “Não faço prognóstico. Não há apostas em relação à Justiça.”

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma na tarde desta quarta-feira o julgamento de uma questão de ordem sobre o processamento da denúncia apresentada pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer pelos crimes de organização criminosa e obstrução de justiça.

A defesa do presidente quer a suspensão da tramitação da denúncia, até que sejam esclarecidos os indícios de irregularidade envolvendo as delações do empresário Joesley Batista e do executivo Ricardo Saud, do grupo J&F. O advogado do presidente, Antônio Cláudio Mariz, pedirá em plenário que a Corte decida sobre a devolução da peça à PGR.

“Espero que mande de volta para a PGR, porque nos arguimos um fato relevantíssimo ligado à Constituição, que é o fato do presidente da República não poder ser processado a não ser por fatos contemporâneos ao exercício do mandato. Esses fatos, a maioria deles, arrolados nesta denúncia são anteriores à presidência, razão pela qual essa denúncia não pode ser respondida pelo presidente da República”, afirmou Mariz. “Não queremos que a denúncia tenha curso enquanto essas investigações não terminarem”, completou.