21/06/2006 - 7:00
Apelidado em Wall Street de Bald Eagle (águia careca), o megainvestidor Mark Mobius, comandante da Frankling Templeton Investments, passa 250 dias por ano a bordo de um jato particular, percorrendo os países onde tem recursos aplicados. Sua preferência declarada são os mercados emergentes e, não por acaso, cerca de 40 carimbos em seu passaporte vêm de destinos distantes do circuito Estados Unidos?Europa Ocidental?Japão. No último dia 7, quando DINHEIRO tentou um primeiro contato para uma entrevista, Mobius estava em Praga. Três dias depois, ela foi concedida ? a partir de Singapura. Nos próximos meses, a figura milimetricamente calva do investidor, com seus indefectíveis ternos claros, será vista com mais freqüência em solo brasileiro. Mobius inaugura em agosto um escritório próprio em São Paulo, encerrando a parceria que mantinha com o Bradesco desde 1997. A perspectiva de queda das taxas de juros, aliada ao aumento do apetite dos investidores locais por aplicações mais arriscadas, influenciou a Templeton ? maior gestora de recursos do planeta, com ativos de US$ 500 bilhões ? a alçar vôo solo no Brasil. O grau de maturidade alcançado pela indústria de fundos também contribuiu, segundo Mobius, para o aumento do interesse da Templeton pelo mercado local ?Queremos repetir no Brasil o sucesso que estamos obtendo em outros mercados emergentes, como Índia e Coréia do Sul?, diz.
De olho no crescente mercado brasileiro de gestão de fortunas, a Templeton centrará seu foco, por aqui, na área de private banking. Os produtos e serviços que serão oferecidos ainda estão em fase de definição. Segundo Mobius, estão sendo avaliadas oportunidades nos segmentos de renda variável, multimercados e até crédito privado. Ações, definitivamente, estão na pauta. O investidor tem sob sua administração US$ 2,5 bilhões investidos em papéis de empresas brasileiras ? entre elas novatas da bolsa, como a Localiza e a Nossa Caixa. As recentes aberturas de capital na Bovespa têm feito com que Mobius monitore de perto as oportunidades de investimento no País. ?As ações que estão chegando na bolsa paulista representam uma boa oportunidade de diversificação?, diz.
Mobius entrou na Templeton em 1987. Hoje, aos 74 anos, dirige analistas em 11 escritórios da empresa espalhados pelo mundo. Escaldado pelas muitas crises que atravessou ? na de 1997, na Ásia, um de seus fundos perdeu 50% do patrimônio ?, ele costuma dizer que compra ações da mesma forma como os porcos-espinhos acasalam: com extremo cuidado. No Brasil, seus setores preferidos são recursos naturais (como siderurgia e mineração), consumo, alimentos e empresas exportadoras. Ativos como estes certamente farão parte das carteiras dos fundos geridos pelo escritório da Templeton no País.
E a concorrência local, o que pensa da chegada do gestor alemão que o mundo todo toma por americano? ?O aumento da competição é um incentivo para sermos ainda mais eficientes?, diz Fábio Alperowitch, sócio da Fama Investimentos. Robert van Dijk, diretor superintendente da Bradesco Asset Management, concorda. ?A Templeton será um player de peso no mercado e nos motivará a investir ainda mais em pessoal e tecnologia?, diz. Apesar do fim da joint venture entre Bradesco e Templeton, Van Dijk não descarta a possibilidade de o banco distribuir os produtos criados pelo escritório brasileiro da gestora americana. ?Mobius é bastante experiente em mercados emergentes e seus fundos são muito bem geridos. Vamos avaliar os produtos e possivelmente oferecê-los aos nossos clientes.?
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