24/06/2009 - 7:00
Antes eles eram eternos. Agora, em tempos de crise financeira, a indústria dos diamantes está tentando emplacar uma nova história: “diamante é um bom investimento.” Este súbito flerte com o mundo das finanças tem uma explicação. Em junho do ano passado, o preço médio do quilate do diamante (medida equivalente a 0,2 grama) estava próximo dos US$ 130.
Desde então caiu vertiginosamente. De acordo com a Idex, portal de compra e venda de diamantes e que serve de termômetro para o setor, a cotação na semana passada atingiu US$ 108 pelo quilate. Mais: a consultoria belga Polished Prices estima que as vendas no atacado serão reduzidas de US$ 21,5 bilhões por ano para US$ 12 bilhões em 2009. Com isso, as empresas que comercializam diamantes estão correndo para estimular uma campanha que incentive a compra das pedras preciosas numa tentativa de levantar o mercado.
A Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), por exemplo, já saiu na frente para atrair investidores. “Neste momento de crise, os diamantes podem ser úteis como fonte de poupança”, diz Manuel Calado, presidente da Empresa Nacional de Diamantes de Angola. A sul-africana De Beers, que fornece cerca de 40% dos diamantes vendidos no mundo, reduziu a produção e agora também está de olho na nova tendência.
“Um grande número de pessoas tem consultado a De Beers sobre este assunto. Estamos pensando em como podemos lançar uma campanha”, diz Lynette Gould, porta- voz da De Beers. O difícil, contudo, é convencer as pessoas que diamante é investimento. “As empresas estão se utilizando de uma clara estratégia de marketing”, diz Ecio Morais, diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos.
DESVALORIZAÇÃO:
o quilate, antes avaliado em US$ 130, hoje não passa de US$ 110
Por não ter liquidez, o investimento em pedras preciosas pode ser uma cilada. “É de alto risco”, diz Morais. De olho nisso, a russa Alrosa, uma das grandes mineradoras do setor, adotou um outro tipo de estratégia. Ela não vendeu nenhuma pedra desde dezembro, preferindo estocar os três milhões de quilates extraídos todo mês à espera de uma nova alta