06/11/2018 - 17:24
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou nesta terça-feira, 6, que o governo brasileiro lamenta a decisão do Egito de cancelar a visita que o ministro do Itamaraty, Aloysio Nunes, faria ao país nesta semana. A decisão do governo egípcio foi uma reação à declaração do presidente eleito Jair Bolsonaro de que mudaria a embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.
“Não obstante essa questão polêmica que se coloca neste momento em relação às futuras relações do Brasil com o mundo árabe, nós lamentamos a decisão do Egito de cancelar esse momento importante”, disse o ministro a jornalistas. Ele destacou a posição histórica do Brasil em relação tanto a Israel quanto à Palestina.
A visita do chanceler brasileiro tinha como objetivo fortalecer as relações comerciais entre os dois países, tanto que um grupo de empresários do Brasil já estava no Egito e precisou retornar sem que as rodadas de negócios fossem realizadas.
Marun afirmou que conversou com Aloysio Nunes nesta terça e que, inicialmente, havia planejado participar da viagem também, mas decidiu não ir para cuidar dos interesses do governo junto ao Congresso nesta semana. O ministro disse até ter ficado surpreso ao saber que o chamado “mundo árabe” é um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
“Esse governo de Michel Temer tem muito interesse na manutenção das boas relações que possuímos com o mundo árabe da mesma forma que possuímos com Israel. Não entendemos que as coisas são excludentes. Esse episódio que lamentamos em breve será uma coisa ultrapassada”, disse.
O ministro destacou que, pessoalmente, gostaria que Bolsonaro revisse a sua posição em relação a Israel. “Se essa posição não foi tomada de forma definitiva, acho que poderia ser revista. … Nós que temos tantas divisões e que temos que buscar coisas que nos aproximem, (não é preciso) trazer uma situação como essa. Mas essa é uma decisão do presidente eleito”, afirmou Marun, lembrando que ele mesmo é descendente de libaneses.
Localização
A localização da embaixada é uma questão sensível porque Israel e Palestina disputam o predomínio sobre Jerusalém. O Estado judeu considera toda a cidade como sua capital, enquanto os palestinos desejam tornar Jerusalém Oriental a capital do seu futuro Estado.
Para a comunidade internacional, o status da Cidade Santa deve ser negociado por ambas as partes e as embaixadas não devem se estabelecer lá até que um acordo seja alcançado. Essa é, historicamente, a posição apoiada pela diplomacia brasileira. Israel ocupa Jerusalém Oriental desde a guerra de 1967 e posteriormente a anexou. Isso nunca foi reconhecido pela comunidade internacional, inclusive o Brasil.