18/03/2019 - 11:38
Não foi só a fraqueza da economia brasileira e o reposicionamento de multinacionais no mercado que fizeram os empréstimos às empresas de suas matrizes e filiais estrangeiras crescer. O aumento do empréstimo intercompanhia no ano passado foi impulsionado pela busca por crédito mais barato no exterior.
“A lentidão na recuperação da economia afeta o caixa das empresas; ao mesmo tempo, obter crédito no Brasil não é das tarefas mais fáceis”, diz Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). “A filial brasileira no exterior ou a matriz estrangeira capta os recursos com juros mais baixos lá fora.”
Ainda que os juros básicos no Brasil estejam em um patamar historicamente baixo, de 6,5% ao ano, os juros no exterior compensam. Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa básica está entre 2,0% e 2,5% ao ano.
No ano passado, mais da metade do ingresso de empréstimos intercompanhia no País veio de filiais no exterior para as matrizes no Brasil. Esse movimento também reflete a maior facilidade e as melhores condições para tomar crédito no exterior, explica Cagnin, para socorrer a empresa no Brasil ou tomar crédito lá fora para oportunidades de investimento.
“O setor de óleo e gás é um exemplo: as empresas tentam se reorganizar, após a Operação Lava Jato, e precisam de socorro de suas matrizes no exterior; por outro lado, parte do setor buscou crédito mais barato no exterior, se preparando para as oportunidades de investimento com a exploração dos recursos do pré-sal”, diz Cagnin.
O diferencial de rentabilidade de aplicações no Brasil em relação a outros países também favoreceu a entrada de recursos para aplicações financeiras via empréstimo intercompanhia.
“Para este ano, pode haver maior entrada de capital estrangeiro, se houver a retomada da confiança. O investidor estrangeiro quer ver o governo colocar em marcha os programas de concessões”, analisa o economista Mauro Rochlin, da Fundação Getulio Vargas (FGV). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.