04/09/2002 - 7:00
Se o mundo corporativo fosse dividido entre as empresas brilhantes e as apenas esforçadas, a maior fabricante de brinquedos do mundo, a Mattel, estaria na segunda classificação. A definição é feita pelo próprio diretor-financeiro da empresa, Ronald Schaffer. E não pelo fato de a Mattel jamais ter ousado durante seus 57 anos de história ? afinal, a gigante norte-americana com faturamento de US$ 4,8 bilhões foi responsável pelo surgimento de ícones, como a boneca Barbie e os carrinhos Match Box (quem não se lembra deles?). Mas depois de passar por anos de resultados anêmicos e uma desastrosa tentativa de colocar sua marca no setor de jogos para computador, a fabricante resolveu tirar um ano sabático. Em 2001, reorganizou o caixa, cortou custos, vendeu negócios paralelos. E voltou ao básico: reinventar os brinquedos que já são hits entre crianças de muitas gerações ? leia-se: Barbie, Hot Wheels e Fisher Price. Agora, a estratégia ?esforçada? começa a mostrar resultados. As vendas mundiais cresceram 3%. E, no Brasil, o faturamento aumentou em 40%. Um resultado e tanto.
O desempenho positivo está sendo bem recompensado pela matriz. O presidente mundial da corporação, Robert Eckert, anunciou uma injeção de recursos de US$ 25 milhões na subsidiária que mais cresce. ?É um sinal de que a companhia acredita no Brasil?, garante Schaffer. A afiliada brasileira ainda representa pouco, cerca de 1% do mercado mundial da Mattel, mas vem fazendo barulho nas prateleiras. Em 2001, lançou 386 novidades. Para este ano, serão mais 520 novos brinquedos ? coisas como um jogo de levitação do Harry Potter, um bracelete Max Steel que comanda os passos do super-herói e as bonecas New Face, nas quais as meninas desenham e redesenham o rosto da ?melhor amiga?. São lançamentos simultâneos com a matriz.
Edições limitadas. As estratégias da única multinacional do setor que opera no Brasil não param aí. Como já faz nos EUA, a Mattel planeja lançar brinquedos exclusivos para o varejo. Um jogo que só será vendido na PBKids; um carrinho do Carrefour e por aí vai… Para agradar a crianças de todas as idades, o Brasil entrou na seleta lista dos países que ganharão brinquedos de coleções limitadas. Por exemplo? Uma Barbie vestida por ninguém menos que Giorgio Armani. Para os meninos crescidinhos, 120 unidades de Match Box do venerado modelo Enzo Ferrari ? réplica do carro desenhado pelo criador de uma das mais desejadas máquinas. Está nos planos dos executivos aumentar também a rede de produtos licenciados. Hoje, apenas a boneca Barbie é licenciada e gera receitas de US$ 1 bilhão por ano no mundo. ?Com tudo isso, vamos crescer 40% este ano e desbancar a liderança da Estrela?, resume. Em jogo, está um mercado estimado em R$ 3,5 bilhões. E mesmo a mais esforçada das companhias não abriria mão de sair na dianteira.