O tenente-coronel Mauro Cid, primeiro réu do “núcleo crucial” do plano de golpe de Estado a ser interrogado no Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou nesta segunda-feira, 9, ao ministro Alexandre de Moraes o que havia relatado à Polícia Federal (PF) e disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) leu e pediu alterações em uma minuta de teor golpista que previa a anulação do resultado das eleições de 2022.

Cid foi o primeiro dos réus a prestar depoimento por ter fechado um acordo de delação premiada. Segundo o militar, o ex-presidente “enxugou” o documento que previa a prisão de diversas autoridades, mantendo apenas a prisão do próprio Moraes. Bolsonaro acompanhou o depoimento e também será ouvido pelo STF.

Em entrevista à Rádio Eldorado, o advogado criminalista Pierpaolo Bottini, professor de Direito Penal da USP, avaliou que as declarações de Cid foram uma tentativa de confirmar o que ele disse à Polícia Federal e preservar benefícios do acordo de delação premiada que fez. Bottini ressaltou, no entanto, que “uma delação só serve se vier acompanhada com provas”.