03/05/2013 - 21:00
Já não andavam bem as contas externas. A queda acentuada do superávit da balança comercial, aliada aos gastos crescentes de brasileiros lá fora, vinha pesando negativamente no resultado. Só em abril passado o Brasil registrou o maior déficit de sua história no mês, da ordem de US$ 994 milhões. Os sucessivos recuos dos números prejudicaram nossa posição no tabuleiro internacional. O ranking dos maiores parceiros para negócios mostra o País descendo ladeira abaixo de forma vertiginosa e perdendo fatia importante no mercado global. Para agravar o quadro veio a notícia que deve acender a luz amarela nesse campo. Juntos, Japão, EUA e União Europeia estariam levantando suspeitas de protecionismo contra o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), o xerife que arbitra as relações dos negócios globais.
Numa articulada reclamação, eles pediram esclarecimentos sobre incentivos fiscais e questionaram a política industrial brasileira que classificam como “discriminatória”. O estopim da iniciativa foram as constantes mudanças de regras na área tributária para incremento da produção local. Alegam que as medidas, além de estarem sendo eternizadas – tirando delas o caráter temporário, como se propunha inicialmente –, são discriminatórias. Isto é: privilegiam a indústria nacional em detrimento das múlti que operam internamente. A queixa, como se pode verificar, é inconsistente. Mas o barulho que ela pode causar e seus efeitos colaterais, como sanções e revisões, levaram inúmeros empresários a colocar as barbas de molho.
Eles apostam firmemente na nova política para o incremento de suas receitas e nem cogitam uma reversão no curto prazo. A inquietação externa, por sua vez, tem uma razão fundamental: o Brasil se converteu em excelente mercado consumidor, com mais de 104 milhões de novos compradores nos últimos anos. Diversas corporações já conseguem aqui seu maior faturamento. Caso da Fiat e do Banco Santander, para ficar em exemplos pontuais da indústria e do sistema financeiro. A simples perspectiva de grupos como esses jogarem em desvantagem com relação a concorrentes nacionais dispara o alerta. No plano dos esclarecimentos e acertos com a OMC, o Brasil não pode bobear. Qualquer descaso com a denúncia pode prejudicar pesadamente o já incipiente desempenho de suas exportações.