17/12/2003 - 8:00
Glamour, bilhões de dólares, marcas poderosas, produtos que são objetos de desejo em qualquer lugar do mundo e clientes caixa-alta ? tudo em doses para lá de generosas. O que poderia faltar à indústria do luxo? No Brasil, certamente um lugar onde executivos e empresários desse setor tão exclusivo pudessem ser treinados ou ensinar os segredos de pilotar ?aviões? como Cartier, Prada e Baccarat. Pois agora não falta mais. Em março, a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), de São Paulo, vai inaugurar o primeiro MBA do luxo das Américas. É uma iniciativa inédita no continente, já que nem nos Estados Unidos existe algo parecido.
A França, berço das grandes grifes internacionais, concentra os dois cursos mais renomados do mercado: o do Institute Français de la Mode (IFM) e o da Essec Business School. Este último custa 22 mil euros (R$ 79 mil) e garante em seu website que o aumento médio de salário para quem freqüenta os seus bancos é de 50%. Mas o concorrido MBA da Essec guarda uma diferença fundamental com o da Faap: ele é voltado para os futuros líderes da indústria do luxo. ?Nós achamos que luxo também é um estilo de fazer negócios?, diz Silvio Passarelli, diretor da Faap. ?Portanto, o nosso curso estará aberto a executivos de qualquer setor interessados em usar as lições das empresas de luxo em seus próprios negócios.?
Faz sentido. Por causa dos preços de seus produtos, as companhias de luxo têm tão poucos consumidores que não podem perdê-los de jeito nenhum. Desse modo, só a questão da tal ?fidelização? já daria assunto para aulas e mais aulas. O curso da Faap ainda tratará de história da arte, moda, design, marcas, história do luxo e gestão do luxo. Noventa por cento dos professores são executivos do mercado, como Rubens Panelli (CEO da Daslu), Freddy Rabbat (presidente da Montblanc) e Eliane Santos (gerente-financeira da Louis Vuitton). ?A idéia é ter também seminários com executivos e criadores estrangeiros e finalizar o MBA com uma temporada de três meses conhecendo as grandes empresas de luxo na Europa?, detalha Carlos Ferreirinha, ex-diretor-geral do Grupo LVMH no Brasil e um dos idealizadores do curso.
Ferreirinha programou ainda o que ele chama de ?duas pequenas ousadias?: internacionalizar o MBA do Luxo em breve e formar um conselho de notáveis do segmento no Brasil ? a exemplo do fechadíssimo Comitê Colbert, que con-
grega presidentes (e apenas os presidentes) das maiores grifes de luxo da França. A missão desse comitê, parceiro de primeira hora
do MBA da Essec, é fomentar o segmento, que, apesar das econo-
mias recessivas e do encolhimento do consumo mundial, movimenta cerca de US$ 50 bilhões (US$ 500 milhões no Brasil) ao ano. O
curso da Faap terá 25 vagas, duração de dois anos e mensalida-
des dignas do tema central: R$ 1,8 mil.