23/07/2024 - 13:12
O secretário de desenvolvimento industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira, disse nesta terça-feira, 23, que o País não pode ser apenas um produtor de hidrogênio verde como commodity energética, mas deve incorporar a cadeia produtiva dos equipamentos necessários à sua produção, assim como de enriquecimento do insumo na forma de combustíveis de maior valor agregado.
“Temos uma janela de oportunidade, por exemplo, no hidrogênio de baixo carbono. Mas o Brasil não pode aceitar ser apenas produtor e exportador desse hidrogênio sem desenvolver as cadeias produtivas associadas”, disse Moreira.
Ele falou a jornalistas no Fórum Brasil-União Europeia, que acontece essa semana no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, em paralelo às reuniões preparatórias do G20.
Segundo o secretário, o governo federal está atento a esse aspecto dessa nova indústria para evitar o que o presidente Lula tem definido como “neocolonização”
Ele citou os projetos de lei Combustível do Futuro, que tramita no Senado, e o marco legal do hidrogênio, que aguarda sanção presidencial, como esforços de regulamentação dos setores que dão previsibilidade ao investimento privado, mas disse ser necessário pensar em meios de internalizar cadeias produtivas.
“Nas portarias de regulamentação essas leis tiverem, vai ser fundamental compreender qual é a cadeia produtiva necessária para se ter aqui (no Brasil). Um exemplo é a eletrólise. Você precisa de toda uma cadeia produtiva para desenvolver equipamentos no País. Você pode ser um mero importador desses equipamentos, fazer a eletrólise e exportar, sem agregar ou internalizar nada. Esse é um risco muito grande”, diz.
Carros elétricos
Ao abordar a transição energética nos transportes, Moreira foi direto ao dizer que o Brasil não precisa transitar para a eletrificação, quando estudos mostram que carros híbridos com etanol têm maior potencial de descarbonização que carros elétricos com baterias produzidas em processos industriais a carvão.
“O Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) vai mensurar o nível de descarbonização ‘do poço à roda’ e ‘do berço ao túmulo’, que é um ciclo muito mais completo. Quando a gente pega, a partir dessa métrica, o nível de descarbonização de um carro produzido em outro país e que usa carvão para fabricar bateria elétrica, a gente tem a clareza que ele não tem o processo de descarbonização desejável, como seria, por exemplo, o de um carro flex que usa etanol”, disse Moreira.