Candidatos do concurso público para Residência Médica em Pediatria na Irmandade de Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP) reclamam de fraude na prova deste sábado, 9, no campus da Universidade Anhembi Morumbi, na Mooca, zona leste São Paulo. De acordo com os candidatos, os envelopes já estavam abertos quando chegavam a pelo menos uma das salas de prova e não estavam completos.

A Santa Casa de Misericórdia informa que está realizando as “apurações necessárias e que providências estão sendo tomadas, em conjunto com o Instituto Mais de Gestão e Desenvolvimento Social, que é a empresa contratada para aplicação da prova, para que não ocorram prejuízos aos candidatos”.

Um grupo de candidatos se dirigiu ao 8º DP, no Belenzinho, e registrou um Boletim de Ocorrência. Nas redes sociais, vários grupos estão se mobilizando para acionar o Ministério Público, o Conselho Regional de Medicina (Cremesp) e solicitar o cancelamento do concurso sob alegação de fraude.

O concurso oferecia 24 vagas e, para assumir o posto, é necessário ser médico. A prova é igual para todos os participantes que entrarão em residências médicas de acesso direto.

“Na nossa sala, de número 72, com cerca de 60 candidatos, o malote chegou aberto. A fiscal contou na nossa frente e estavam faltando 20 provas. Houve de fato uma fraude. Como somem 20 provas do nada?”, pergunta o médico Paulo Sergio Gomes, de 26 anos, ao Estadão. Paulo, que atua como médico em Recife, veio a São Paulo exclusivamente para a prova.

Os candidatos da sala se recusaram a realizar a prova e solicitaram explicações da instituição diante da suspeita de fraude no concurso, de acordo com artigo 311-A do Código Penal.

Alunos de outras salas relatam nas redes sociais que a denúncia de fraude espalhou rapidamente causando um clima de apreensão. Há relatos de candidatos que começaram a chorar; fiscais entravam e saíam da sala em busca de informações. Mesmo com o desencontro de informações, candidatos de outras salas realizaram o concurso.

No procedimento formal de realização da prova de residência médica e de demais concursos públicos, o pacote de provas deve estar lacrado e ser aberto diante dos candidatos na sala de aplicação da prova.

De acordo com os participantes do concurso, os organizadores do concurso propuseram aos candidatos que fizessem provas que estavam em outro malote fechado, mas a opção foi descartada. Outra possibilidade é a realização do exame em janeiro ou fevereiro do ano que vem.

Abaixo, a íntegra da nota enviada pela Santa Casa de Misericórdia:

“A Comissão de Residência Médica (Coreme) da Santa Casa de São Paulo informa que todas as apurações necessárias estão sendo realizadas em relação à aplicação do Concurso de Residência Médica. Ressaltamos que todas as providências necessárias estão sendo tomadas em conjunto com o Instituto Mais de Gestão e Desenvolvimento Social, que é a empresa contratada para aplicação da prova, para que não ocorram prejuízos aos candidatos.”