21/03/2025 - 11:59
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York, John Williams, destacou que a incerteza é o principal desafio para a política monetária atualmente. “Há um alto grau de incerteza sobre o que o futuro reserva” e que “muitos cenários podem se desenrolar, dependendo de políticas fiscais, comerciais e desenvolvimentos geopolíticos”, afirmou.
Ele ainda mencionou que a “incerteza sobre políticas comerciais tem tornado difícil para empresas planejarem investimentos e contratações”.
Apesar do cenário de incerteza, Williams destacou, durante evento, que a economia dos EUA entrou em 2025 com bases sólidas. “O crescimento do PIB e do emprego tem sido robusto, impulsionado por ganhos significativos na força de trabalho e na produtividade”, disse. Ele também observou que o mercado de trabalho “deixou de ser uma fonte de pressão inflacionária”.
No entanto, “o processo desinflacionário seguiu um caminho irregular rumo à meta de inflação de 2%”, afirmou.
Ele também mencionou que, recentemente, foram observados “sinais claros de aumento nas expectativas de inflação”.
Williams citou o levantamento da Universidade de Michigan, que apontou considerável aumento nas expectativas de inflação neste mês. Pesquisa do Fed de Nova York sinalizou na mesma direção e revelou revela uma “deterioração significativa” nas expectativas financeiras dos consumidores para os próximos 12 meses.
O dirigente pontuou que estuda os impactos econômicos das mudanças de políticas comerciais do governo americano, e ressaltou que precisa de “mais detalhes para conseguir ponderar os impactos das tarifas”.
Williams espera que o crescimento do PIB em 2025 desacelere em relação a 2024 devido a uma redução no crescimento da força de trabalho, impulsionada por menores taxas de imigração. “Será fundamental monitorar e avaliar todas as informações disponíveis” para gerenciar riscos na condução da política monetária, disse.
Ele reiterou que a atual postura moderadamente restritiva da política monetária é “totalmente apropriada” e que o Fed está “bem posicionado para se ajustar a mudanças” que afetem o cumprimento do duplo mandato de máximo emprego e estabilidade de preços. “A incerteza é alta e temos que entender o que isso significa para a política monetária. Precisamos estar muito focados nos dados econômicos de agora em diante”, acrescentou. “Estou comprometido em apoiar o pleno emprego e em trazer a inflação à meta de 2%.”
Política fiscal
Williams afirmou também que, embora não comente diretamente sobre as decisões de política fiscal, que estão fora do escopo do BC norte-americano, ele e a instituição monitoram cuidadosamente os efeitos dessas políticas sobre a economia e os objetivos da autoridade monetária. “Não vou comentar sobre a tomada de decisões de política fiscal, mas observamos atentamente seus efeitos”, disse, durante sessão de perguntas e respostas em evento.
“A política fiscal e os índices de dívida em relação ao PIB estão definitivamente naquela lista curta de coisas que podem afetar a taxa de juros natural ao longo do tempo”, afirmou o dirigente.
Williams também mencionou que os Estados Unidos têm enfrentado desafios fiscais de longo prazo, com planos insustentáveis que, se não forem ajustados, podem se tornar um problema maior no futuro.
Apesar desses desafios, Williams ressaltou que eles não interferem na capacidade do Fed de conduzir a política monetária. “Não vejo isso como uma limitação à nossa capacidade de fazer nosso trabalho”, disse.
Ele lembrou que o Fed foi capaz de ajustar sua política monetária de forma significativa nos últimos anos, elevando as taxas de juros e ajustando a política de títulos conforme necessário.
Além disso, o presidente do Fed de Nova York reforçou que a meta de inflação da instituição, de 2%, “não está e não estará em debate nos processos de revisão de política monetária” do BC norte-americano.