O pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) ficou pequeno para o tamanho da ambição dos sócios da Link Corretora, Marcello e Daniel Mendonça de Barros. Há três anos consecutivos, a corretora dos filhos do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros ocupa a liderança nesse mercado, com um volume médio de R$ 10 bilhões em contratos diários. A posição é invejável, principalmente para uma corretora ainda considerada novata, com apenas seis anos de atividades. Mas eles querem mais. ?A nossa meta é ser uma referência nacional para todos os tipos de investimentos?, afirma Daniel. Para isso, a corretora está ampliando seus horizontes e estreando na Bolsa de Valores de São Paulo. Lá, seu alvo são grandes investidores com pelo menos R$ 1 milhão disponível para negociar com ações.

Operar na Bovespa, a rigor, é um plano antigo dos sócios da Link. Em 1998, quando pediram a Mendonção US$ 1 milhão para montar o próprio negócio, os dois irmãos apresentaram um projeto. Nele, já estava prevista uma futura atuação no mercado acionário. ?Na época, os amigos do meu pai diziam que corretagem não dava dinheiro. Então, tivemos que estudar muito a viabilidade do negócio?, lembra Daniel. Mais do que isso, a Link teve de enfrentar anos de desconfiança por parte da opinião pública e de seus pares no mercado. Após o primeiro ano de estrondoso crescimento, a corretora foi acusada de receber informações privilegiadas durante a passagem de Mendonça de Barros pelo governo Fernando Henrique. Resultado: o volume de negócios despencou 20% em 1999. O baque, porém, não intimidou os Mendoncinhas, como ficaram conhecidos na época. ?Avisei que voltaríamos a crescer e a ocupar um lugar de destaque no mercado?, recorda Daniel.

O desafio vem sendo cumprido à risca. No ano passado, a corretora registrou um aumento de 71,8% no volume de negócios em relação a 2003. O bom desempenho era o aval de que os irmãos precisavam para levar adiante o projeto de ampliação. A meta agora é conquistar mil investidores do mercado de ações e administrar uma carteira de R$ 1 bilhão na Bovespa. Para criar o novo departamento, os sócios voltaram a investir US$ 1 milhão na corretora. Mas desta vez o dinheiro veio do caixa próprio. Os recursos foram aplicados na duplicação do escritório, que passou a ocupar um andar inteiro de um moderno edifício na Zona Sul de São Paulo.

Em meio às reformas, houve também uma dança das cadeiras no comando das empresas da família. Até então, Daniel trabalhava na Quest, a gestora de fundos de Mendonça de Barros, na qual a Link tem 30% de participação. E Marcello tocava a administração da corretora. As posições foram trocadas. Com mais experiência em renda variável, Daniel assumiu o cargo de estrategista da nova área. Mas não ficou sozinho. Trouxe para escudá-lo o gestor Marcos Elias, que foi chefe de análise de empresas da corretora do BNP Paribas no Brasil e responsável pelo fundo de ações da gestora paulista GAS Investimentos. Elias montou uma área de análise sui generis na Link. A proposta é acompanhar apenas as 30 principais companhias da Bovespa. ?Assim, vamos fazer recomendações de compra e venda direta?, promete Elias. ?E não ficar em cima do muro como faz quem se propõe a analisar o mercado todo.?