Ficou com sede no meio da aula de spinning? Peça um isotônico ao garçom. Esqueceu o celular no carro e não quer sair da esteira? Solicite os préstimos do concierge. Quer privacidade para tomar banho e trocar de roupa? Pegue a toalha de algodão egípcio da academia e use uma das cabines com hall privativo. Mordomias como essas foram mostradas ao público A paulistano na terça-feira 11, na inauguração da 38ª unidade da academia Body Tech, no 9o andar do Shopping Iguatemi. O que a destacará da concorrência são os serviços que mais se assemelham aos encontrados em hotéis de luxo. 

 

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Estica: a atriz Giselle Itié mostra elasticidade em aula de pilates da Companhia Athletica, no Rio

 

“São Paulo é a Nova York do Brasil e requer esse nível de qualidade de serviço”, disse, orgulhoso, Luiz Urquiza, diretor-presidente do Grupo Bodytech. Trata-se de uma tendência incontornável nesses autênticos templos da malhação focados na exclusividade. Aparelhos de última geração, como a bicicleta ergométrica que avalia até a pisada do aluno, aula de remo indoor e conforto extra – como o vestiário feminino, com lounge e sala de maquiagem – para encantar restritos 1.200 alunos, em um espaço projetado pelo badalado arquiteto Isay Weinfeld. A Bodytech investiu alto – R$ 17 milhões – e espera ter a academia lotada em 90 dias, com mensalidades a partir de R$ 1 mil.

 

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Intimista: Flávio Settanni, da Sett Coaching, aposta na decoração

cool e na proximidade com os alunos 

 

Tantos mimos vêm para atender a uma classe de viciados em endorfina que estão acostumados à boa vida no dia a dia. “É um público que frequenta os melhores hotéis, restaurantes e lojas de grifes do mundo”, diz José Marfará, presidente da academia Reebok Sports Club, com duas unidades em São Paulo (Vila Olímpia e Shopping Cidade Jardim) e que, nesse ano, deve fechar um faturamento total de R$ 42 milhões. Pensando neste cliente globetrotter, a franquia de Marfará oferece como diferencial o uso das unidades do Exterior – Madrid, Londres e Nova York – por até 15 dias por trimestre. 

 

Em São Paulo, o espaço foi decorado pelo designer Sig Bergamin, tem secadores para roupas íntimas nos banheiros e conta com sets diários de DJs, ao vivo, para embalar os exercícios. A localização também é outro fator que conta, e muito. A Companhia Athletica, por exemplo, dispõe de uma unidade dentro do Estádio do Morumbi, com vista privilegiada para o campo de futebol. Ou seja, dá para malhar assistindo a partidas do São Paulo Futebol Clube, dono do estádio, ou ter acesso com desconto aos muitos shows internacionais que acontecem por lá. “Meus alunos gostam de ser tratados assim, como únicos”, diz Richard Bilton, presidente da empresa, que fatura R$ 120 milhões ao ano.

 

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Luxo: o banheiro feminino da Bodytech tem sofá estilo lounge e mesa para maquiagem

 

BUTIQUE Como tamanho nem sempre é documento, o empresário e ex-personal trainner Flávio Settanni decidiu entrar menor no negócio, mas maximizar a experiência. Sua academia, a Sett Coaching, no coração do Itaim Bibi, na capital paulista, comporta apenas 300 alunos. “Penso em chegar até a 450 alunos, para não perder o corpo a corpo com eles, que é o diferencial da academia”, diz Settanni. Mas o ambiente também chama a atenção, com piso de madeira e paredes de tijolo aparente. A mensalidade, que gira em torno de R$ 900 e inclui aulas específicas, como as de pilates, além de cereais, bebidas e toalhas resfriadas, para amenizar o calor.

 

Inspirado pelo retorno financeiro que vem obtendo, Settanni já mira novos horizontes. A ideia é inaugurar outras unidades ainda na capital paulista ou em grandes centros como Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Curitiba. “Esse mercado ainda tem muito potencial de exploração”, afirma. O Brasil é o segundo maior mercado de malhação do mundo, com movimentação de US$ 2 bilhões/ano, segundo a Associação Brasileira de Academias, atrás apenas dos Estados Unidos. E apostar no luxo pode fazer essa cifra crescer ainda mais. “Faltava o mercado de fitness entrar no jogo”, diz Settani.