23/09/2002 - 7:00
Não adianta ser uma Louis Vuitton. É preciso parecer uma. Se você pensa dessa forma, melhor correr para a boutique mais próxima. Aquela leva de bolsas e acessórios com estampas que replicam o nome da marca, também conhecida como logomania, está saindo de moda. Os últimos lançamentos de grifes como Prada, Versace, Gucci e Ferragamo mostram uma tendência mais discreta. No lugar dos logotipos berrantes, as novas bolsas trazem apenas um detalhe com a marca, como uma simples fivela ? ou às vezes, nem isso. ?Os monogramas venderam bastante, mas uma hora isso ia acabar cansando?, diz Fernanda Boghosian, proprietária da Versace no Brasil. Até mesmo a Gucci, que relançou a moda da ostentação, está mais intimista. Há dois anos, 40% da sua linha de bolsas e acessórios tinha o famoso ?G? bem à mostra. Hoje, são apenas 15% do total. A Fendi também desistiu das peças com exposição da marca. Na sua loja em Nova York, elas estão em liquidação: 70% off.
Vários fatores pressionaram para a volta do estilo clássico nas bolsas. O principal deles está ligado ao atentado de 11 de setembro. Desde então, designers de todas as áreas adotaram uma tendência mais sóbria. ?Um acontecimento tão trágico como aquele não combina com luxúria e ostentações?, disse Jean-Marc Gallot, presidente da Ferragamo nos Estados Unidos. A influência também veio dos consumidores. Ao mesmo tempo em que atraía o público de classe média, com produtos mais baratos, a logomania acabou irritando os clientes mais tradicionais. ?Os consumidores de longa data procuram nossos produtos pela qualidade, e não pelo logotipo?, diz Romeu Bobadio, gerente de marketing da Louis Vuitton no Brasil. A empresa também está com opções para os mais discretos, mas pretende manter sua linha de produtos com os famosos LVs. ?Essas bolsas são um ícone, não há motivo para desistirmos delas?, diz Bobadio, para delírio dos logomaníacos.