A Páscoa de 2025 terá menos ovos de chocolate no mercado brasileiro. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) estima que serão fabricados neste ano 45 milhões de ovos para a Páscoa 2025 contra 58 milhões em 2024, uma redução de 22%. 

No ano passado, a produção total de chocolates no Brasil cresceu 3% e fechou 2024 com um total de 803 mil toneladas. 

A explicação para o cenário mais pessimista para 2025 passa pelo aumento de mais de 180% no preço do cacau em 2024, o que está fazendo com que as indústrias do ramo invistam em produtos com tamanhos menores, recheios diversos e formatos alternativos para oferecer opções e preços atrativos aos consumidores.

Em meio a disparada mundial nos preços do cacau, o preço de chocolates em barra e bombons acumulam uma alta de 16,53% em 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país.

+Com alta do cacau, marcas lançam mais opções de ovos de Páscoa e caixas com menos bombons

Mesmo com um número menor de ovos nas prateleiras, a quantidade de opções oferecidas neste ano pelos fabricantes aumentou. São 803 tipos de produtos diferentes, com 93 lançamentos a mais em relação a 2024.

Questionada pela IstoÉ Dinheiro sobre a redução da produção de ovos na Páscoa de 2025, a Abicab afirmou que a alta no preço do cacau fez com que as indústrias optassem por produtos em diferentes gramaturas e formatos, e que as estratégias adotadas pelas empresas buscam evitar o repasse da alta do preço da matéria-prima aos consumidores.

“Se falta no mundo o insumo principal – o cacau, isso se reflete na produção. [O menor número de ovos] Não foi opção da indústria, é a lei do mercado. A indústria evita repassar o aumento de mais de 200% no preço do cacau para o produto final”, afirmou a Abicab.

O discurso das maiores indústrias do ramo é de que não houve mudanças nas receitas dos chocolates para baratear os custos.

“A composição de preço do produto depende de vários outros ingredientes e custos. A gente fala de processo de produção, mão de obra, distribuição, logística e a própria precificação do varejo. No nosso caso, buscamos uma maior eficiência em todos esses aspectos para garantir que o preço do produto não tenha um impacto grande se falando em preço final”, disse Fernando Careli, diretor de Assuntos Corporativos da Ferrero para a América Latina, em evento da Abicab de lançamento da temporada de Páscoa.

Reduflação?

O economista e especialista em gestão de supermercados Leandro Rosadas, alerta que a diminuição de peso de ovos de chocolate é prejudicial para o consumidor quando usada para camuflar aumento de preço.

Entre as opções de ovos encontrados nas prateleiras neste ano, há desde os tradicionais de 200 e 300 gramas, como também opções em pesos “alternativos” como 134 g, 157 g, 277 g e 357 g.

“As indústrias focaram na redução de cacau dos produtos. Eles também mudam a gramatura para fingir uma ‘inflação que o consumidor não vê’. Dessa forma, as indústrias entregam o mesmo produto com o mesmo preço, porém, elas diminuíram a gramatura e usaram menos insumos para a produção dos itens”, afirma.