12/12/2014 - 10:00
Comer foie-gras em louças desenhadas pela francesa Givenchy, acompanhado de champanhe Dom Pérignon, num assento de quase um metro de largura. Dá para se imaginar fazendo isso a 12 mil metros de altura? Se você estiver disposto a pagar até US$ 26 mil para voar pela Singapore Airlines, isso é perfeitamente possível. A lista de mimos proporcionados a bordo pela companhia aérea de Cingapura para seus passageiros vai ainda além.Nécessaires assinadas por Salvatore Ferragamo, vinho Sauternes, café Colombian Supreme, suítes com cama de casal, televisores de LCD, além de chocolate produzido pela própria empresa – a lista de agrados é enorme.
Na semana passada, o presidente da empresa no Brasil, Twee Min, anunciou mais um requinte para as viagens na Singapore – a renovação do seu cardápio para 2015. Entre as novidades estão salada de lagosta com abacate e bife com alecrim, além de linguiça de cordeiro picante temperada com lentilhas. Para satisfazer o paladar de viajantes orientais e ocidentais, o menu conta com opções criadas por chefs italianos, franceses, cingapurenses, indianos e chineses. “Somos um restaurante cinco-estrelas a bordo”, diz Min. É tanto zelo para atender com qualidade e preservar o frescor dos alimentos servidos que a companhia mantém, na sede da sua cozinha principal, uma câmera que simula a pressurização, a umidade e a temperatura verificadas dentro do avião.
Dessa maneira, a Singapore testa as refeições nas mesmas condições que o passageiro terá a bordo. “As pessoas perdem, em média, 40% da sensibilidade do paladar durante o voo”, diz Min. “Levamos isso em consideração na hora de preparar os pratos.” E tem mais: a Singapore conta com uma espécie de Netflix próprio, que oferece aproximadamente mil opções de entretenimento – entre elas, filmes, programas de televisão nacionais e internacionais, canais de música e jogos 3D. Todos esses atributos renderam à empresa o primeiro lugar nos últimos dois anos na lista das melhores companhias de aviação do mundo, organizado pela consultoria britânica Skytrax.
No concorrido mercado de aviação, marcado pela guerra dos preços, a Singapore pretende se diferenciar, não pelo valor das suas passagens, mas pela experiência que oferece a bordo. A estratégia é fazer com que as salgadas tarifas, que podem passar de US$ 26 mil, se justifiquem aos olhos do consumidor. Ao oferecer uma série de extravagâncias a bordo, a companhia aérea conseguiu se firmar com um posicionamento de luxo e de atendimento personalizado, fortes aliados na conquista dos clientes mais exigentes e endinheirados. Ao que tudo indica, a fórmula de surpreender o passageiro com tanto requinte tem dado certo para a companhia, que faturou, aproximadamente, US$ 12 bilhões em 2013 e aumentou seu lucro operacional em 13%, chegando aos US$ 200 milhões.
As perspectivas para as operações locais são positivas. A empresa, segundo Twee Min, deve oferecer mais rotas para destinos no Sudeste Asiático, como Tailândia e Indonésia, no ano que vem. Desde 2011, quando começou a atuar por aqui, a empresa não expande suas operações, que compreendem o itinerário São Paulo-Barcelona-Cingapura. Para aumentar a frequência de voos, no entanto, a companhia terá de utilizar outro destino como conexão – até agora exclusivo da cidade espanhola. “Pretendemos fazer paradas na África do Sul”, diz. Min só vislumbra um momento desagradável enquanto se voa pela companhia. “É quando o passageiro tem de sair do avião”, afirma.