O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano, divulgado nesta terça-feira, 3, reforça não apenas a aceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira, como também a melhoria de qualidade desse crescimento, avaliou o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, que prevê uma alta de 3% para o PIB este ano.

Entre os indicadores revelados pelo PIB, Mercadante destacou a retomada da indústria e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que cresceu 5,7% no segundo trimestre.

“A inflação segue dentro da meta, melhoramos substancialmente as finanças públicas e, mais importante, temos o melhor volume de trabalhadores empregados desde 2012”, destacou Mercadante, ressaltando, também, a retomada do crescimento da massa salarial, o aumento real do salário mínimo e abrangência das políticas sociais. “O governo do presidente Lula está reconstruindo o mercado de consumo de massas e criando condições para uma retomada do investimento e do crescimento sustentável”, afirmou.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje o crescimento de 1,4% do PIB no segundo trimestre do ano contra o trimestre anterior, confirmando projeções feitas por Mercadante, há dois meses, que previam um crescimento maior do que o projetado pelos economistas e analistas até aquele momento.

Para Mercadante, no acumulado do ano, o PIB deve ficar em torno dos 3%, “superando as expectativas pessimistas impulsionadas especialmente pelo mercado financeiro”, avaliou.

Desafios

Para o presidente do BNDES, os maiores desafios para o crescimento seguem sendo as restrições fiscais e a taxa de juros, que ainda é a segunda mais alta da economia mundial, apesar dos recordes no saldo da balança comercial, do acúmulo de reservas e da melhora do ambiente macroeconômico.

“A requalificação das bases da política monetária, com medidas mais fortes e persistentes de desindexação da economia, e sua interface com a continuidade do esforço de mais qualidade na política fiscal, seguem presentes como grande desafio para a retomada acelerada do crescimento sustentável”, afirmou Mercadante.

O economista chama atenção para o patamar da Selic e para a necessidade de evitar equívocos que podem deteriorar as finanças públicas e interromper o ritmo de crescimento.

“O que não se pode repetir são os equívocos do passado recente, em que houve a elevação da taxa básica interna, quando o Fed nos EUA estava baixando os juros, o que promoveu uma apreciação forte do câmbio, deteriorou as finanças públicas e interrompeu a trajetória de crescimento”, disse Mercadante.