08/11/2016 - 0:00
É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar, escreveu o cantor e compositor Chico Buarque, na canção “Copo Vazio”.
Essa é uma boa imagem para ilustrar o mercado brasileiro de smartphones, que deve apresentar uma queda de 10% em 2016, quando devem ser vendidos 42 milhões de aparelhos. É, portanto, um copo vazio.
Mas, ao mesmo tempo, está cheio de ar com os resultados do terceiro trimestre deste ano. Nos meses de julho, agosto e setembro, as vendas somaram 11,5 milhões de aparelhos, alta de 15% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da consultoria IT Data.
É um primeiro sinal de alívio para os fabricantes de smartphones, que enfrentaram um dos piores primeiro semestres da história. Nos seis primeiros meses deste ano, as vendas caíram 32%, segundo os cálculos da consultoria.
“O smartphone ainda é o eletrônico mais importante para os consumidores”, diz Ivair Rodrigues, diretor de pesquisa da IT Data. “Mesmo em uma crise, as pessoas querem comprar o produto.”
O consultor, no entanto, faz a ressalva de que os consumidores estão migrando de aparelhos topo de linha para modelos mais simples.
Esse comportamento explica o renascimento do mercado de “feature phones”, aparelhos simples com conexão limitada à internet, chamados também de “burrofones”.
A IT Data estima que devem ser vendidos quase 6 milhões de feature phones no mercado brasileiro em 2016. Trata-se de uma alta de 80% em relação ao ano anterior.
O ressurgimento do mercado de burrofones, no entanto, é temporário. Para Rodrigues, esse desempenho reflete a busca por produtos mais baratos diante da crise econômica.
A fabricante coreana Samsung lidera o mercado brasileiro, com uma participação de mais de 50%, seguida pela Motorola, que hoje pertencente à chinesa Lenovo.
Algumas empresas, no entanto, estão conseguindo se sair bem, aumentando suas vendas mesmo neste cenário de crise. São os casos da brasileiro Positivo, da taiwanesa Asus e da Alcatel, marca fabricante pela chinesa TCL.