08/07/2022 - 13:51
O mercado de trabalho nos Estados Unidos surpreendeu nesta sexta-feira (8), com aberturas de vagas muito mais aceleradas do que o previsto em junho, aliviando os temores de uma recessão iminente.
A solidez do mercado de trabalho deve confortar o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) na continuidade da alta agressiva das taxas em julho.
Em junho, foram criados 372 mil empregos, muito mais do que os 250 mil esperados pelos analistas e pouco menos do que os 384 mil registrados em maio.
Economistas observam que, embora o emprego tenha permanecido sólido no segundo trimestre, começou a desacelerar para uma média de 375 mil por mês, contra um ganho mensal de 539 mil no primeiro trimestre.
Os setores de serviços profissionais, lazer e hospitalidade, bem como saúde, tiveram aumentos expressivos.
A taxa de desemprego, por sua vez, permaneceu estável em 3,6% pelo quarto mês consecutivo.
Ao todo, 5,9 milhões de pessoas estavam desempregadas em junho, um número praticamente inalterado em relação ao mês anterior.
Tanto a taxa de desemprego quanto o número de desempregados estão, portanto, próximos do nível de fevereiro de 2020, ou seja, pouco antes da propagação da pandemia da covid-19 (3,5% e 5,7 milhões, respectivamente), que causou um choque sem precedentes no mercado de trabalho nos Estados Unidos.
Já a taxa de participação da população ativa caiu ligeiramente, para 62,2%, mantendo-se abaixo do seu nível pré-pandemia (63,4%).
Além disso, a remuneração horária média aumentou 0,3%, tal como no mês anterior. Nos últimos 12 meses, a remuneração horária média aumentou 5,1%, um nível elevado, mas insuficiente para compensar a inflação (+8,6% em maio).
Desde a primavera de 2021 (outono no Brasil), os empregadores enfrentam uma escassez de mão de obra e demissões em massa todos os meses (outras 4,3 milhões em maio). Nesse quadro, hesitam em demitir trabalhadores, preferindo oferecer melhores condições salariais para reter seus funcionários e conseguir fazer novas contratações, o que alimenta a pressão inflacionária.
Os economistas esperam uma desaceleração mais acentuada do emprego no segundo semestre.
Nas últimas semanas, grandes empresas do setor de tecnologia, incluindo a Netflix, anunciaram demissões, ou indicaram que abandonariam seus planos de contratação, como Meta, ou Microsoft.
Por enquanto, porém, as vagas de emprego permanecem em um nível recorde (11,3 milhões em maio), segundo dados divulgados esta semana pelo escritório de estatísticas.
O mercado de trabalho é um indicador crucial para saber se o país está em recessão, e até agora não houve sinais de um arrefecimento dramático.
“No geral, os dados sobre os empregos confirmam nossa visão de que falar sobre uma economia em recessão neste momento é fantasioso”, disse Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics.
O Federal Reserve iniciou em março uma alta acentuada das taxas, na tentativa de moderar a demanda.
Em junho, o Fed definiu um aumento de 0,75 ponto percentual, após dois aumentos sucessivos de um quarto e de meio ponto, respectivamente, para combater a inflação mais alta em mais de 40 anos.