O dólar interrompeu uma sequência de 12 sessões consecutivas de baixas e fechou nesta quarta-feira, 5, em alta, mas ainda abaixo dos R$ 5,80, com investidores realizando os lucros mais recentes no Brasil, enquanto no exterior o dia foi de nova queda da moeda norte-americana.

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Após a maior sequência negativa em 20 anos ante o real, o dólar à vista fechou a quarta-feira em alta de 0,37%, aos R$ 5,7935, no primeiro avanço diário desde 17 de janeiro. Em 2025 a moeda norte-americana acumula baixa de 6,24%.

Às 17h04 na B3 o dólar para março — atualmente o mais líquido no mercado brasileiro — subia 0,68%, aos R$ 5,8205. Veja cotações.

Na véspera, a divisa dos Estados Unidos fechou em baixa ante o real pelo 12º pregão consecutivo, à medida que os ativos brasileiros passam por um movimento de correção depois da forte deterioração apresentada no fim de 2024.

O Ibovespa fechou com uma alta modesta nesta quarta-feira, após três quedas seguidas, em movimento apoiado pela disparada da Embraer, após encomenda recorde, e avanço de bancos, embalados pelo resultado do Santander Brasil, enquanto Petrobras pesou negativamente na esteira do declínio do petróleo no exterior.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,29%, a 125.509,82 pontos, de acordo com dados preliminares, tendo marcado 124.637,22 pontos na mínima e 125.846,41 pontos na máxima da sessão. O volume financeiro somava 17,54 bilhões de reais antes dos ajustes finais.

O dólar no dia

O dólar chegou a cair no início do dia, mas rapidamente migrou para o território positivo, com investidores realizando lucros e recompondo posições compradas na moeda norte-americana após os recuos recentes. Nas 12 sessões anteriores, o dólar havia acumulado queda de 4,83%, o que abria espaço para a realização.

Assim, após registrar a mínima de R$ 5,7501 (-0,38%) às 9h07, o dólar à vista marcou a máxima de R$ 5,8184 (+0,81%) às 11h06. Durante a tarde, a divisa chegou a se reaproximar da estabilidade, mas ainda assim terminou o dia em alta.

De acordo com o head de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno, não surgiu nenhum fato “efetivamente concreto” que justificasse a alta do dólar ante o real, a não ser uma “correção depois de 12 dias de recuo”.

“Não que este seja um sinal de reversão de tendência. Acho que a tendência deve continuar… (sendo) de queda”, acrescentou.

No exterior, a quarta-feira foi mais um dia de baixa para o dólar, em meio à percepção de que as ameaças de tarifas dos EUA contra México, Canadá e China passarão por negociações, sem se transformarem necessariamente numa guerra comercial mais ampla.

Às 17h15, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,39%, a 107,630.

No Brasil, o mercado esteve atento ainda a declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após encontro com o novo presidente da Câmara, deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB). Haddad reforçou que a reforma do Imposto de Renda (IR) a ser proposta pelo governo, que prevê isenção para quem ganha até 5 mil reais por mês, irá incluir medidas para compensar a renúncia fiscal.

Pela manhã o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.

À tarde o BC informou que o Brasil fechou o mês de janeiro com fluxo cambial total negativo de US$ 6,700 bilhões, resultado de saídas líquidas de US$ 4,562 bilhões pela via comercial e remessas de US$ 2,137 bilhões pelo canal financeiro. Apesar do resultado negativo, a última semana de janeiro, entre 27 e 31, foi de fluxo positivo, com entrada total de US$ 1,253 bilhão no país.