08/01/2014 - 2:48
Comprar no boato, vender no fato. A mais velha máxima do mercado acionário continua valendo quando o assunto são as perspectivas de um rebaixamento da classificação de risco dos títulos da dívida brasileira. As críticas das agências de rating à deterioração da situação fiscal brasileira e os prognósticos ruins dessas empresas para o crescimento da economia afetaram as expectativas de mercado. Desde agosto do ano passado, um rebaixamento do rating brasileiro é dado como provável em 2014.
Na terça-feira 7, Joydeep Mukherji, diretor de riscos soberanos da agência Standard & Poor?s (S&P) em Nova York, disse que o risco brasileiro poderá ser rebaixado em um ponto ainda neste ano, mesmo antes da eleição. Suas declarações afetaram a Bolsa, que fechou em queda de 1,06% na terça-feira, e o dólar, que subiu 0,6% para R$ 2,38.
A maior ou menor probabilidade do rebaixamento depende do pessimismo ou do otimismo do analista, mas o fato é dado como certo, e já está refletido nos preços dos títulos brasileiros negociados no mercado internacional. Segundo Ricardo Denadai, economista-chefe e estrategista de investimentos da empresa de gestão de recursos do banco Santander Brasil, uma piora na classificação de risco já está definida.
Denadai diz que o prêmio médio da dívida brasileira no mercado internacional, calculado a partir dos instrumentos financeiros conhecidos como Credit Default Swaps (CDS) está ao redor de 190 pontos-base (centésimos de ponto percentual) em relação aos títulos do Tesouro americano de prazo equivalente, acima dos 110 pontos de há poucos meses, quando o mercado começou a ficar desconfiado. A média desse prêmio para os países latino-americanos de risco comparável ? México, Colômbia e Peru ? está ao redor de 120 pontos-base.
Segundo Denadai, no caso de o rebaixamento realmente ocorrer, o impacto sobre o mercado internacional seria reduzido, uma vez que essa mudança já está refletida nos preços. ?O que poderia elevar ainda mais o prêmio de risco seria uma notícia pior do que o esperado, como por exemplo o rebaixamento do risco com a manutenção de uma perspectiva negativa?, diz ele. Nesse caso, as agências de classificação indicariam que poderia haver rebaixamentos adicionais.