01/06/2025 - 12:00
O consumo no mercado livre de energia elétrica no Brasil superou neste ano a marca de 30.000 MW médios e, em fevereiro de 2025, alcançou 32.165 MW médios, um aumento de 15% no período acumulado de 12 meses. No país, o consumo total de energia elétrica aumentou 6% no mesmo período, segundo dados da Abraceel.
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O aumento ocorre em um contexto de crescimento da atividade no mercado livre de energia. Nos últimos 12 meses, foram 28.544 novas adesões, que representam um crescimento de 66% no número de consumidores . Atualmente, há 71.961 unidades consumidoras no mercado livre de energia.
Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), esse mercado já representa cerca de 40% de todo o consumo de energia elétrica no Brasil e está sendo aderido por empresas de diversos tamanhos.
Regulamentado desde 1995, esse mercado ficou por anos restrito a grandes consumidores de energia elétrica. Foi somente com a portaria normativa 50/2022 do Ministério das Minas e Energia que o acesso ao mercado livre foi liberado para qualquer consumidor de alta tensão independente do consumo.
Como funciona o mercado livre de energia?
Diferente do sistema tradicional, onde as distribuidoras regionais (como Light, Enel ou CPFL) detêm o monopólio da venda com tarifas reguladas, esse ambiente abre a possibilidade para diversos consumidores negociarem diretamente com geradores e comercializadoras, buscando preços mais competitivos e contratos sob medida.
Quem pode migrar para o mercado livre de energia?
Atualmente, qualquer consumidor classificado no Grupo A, conectado à rede elétrica em média ou alta tensão (igual ou superior a 2,3 kV), pode aderir ao mercado livre. Em geral, isso inclui empresas com faturas mensais a partir de R$10 mil. A adesão, porém, é exclusiva para clientes empresariais.
Mercado livre de energia é mais barato que o regulado?
Nem sempre. Embora muitos consumidores consigam economizar até 40%, os preços variam dependendo dos cenários previstos, principalmente do cenário hidrológico. Já as tarifas das distribuidoras seguem reajustes anuais. Por isso, o planejamento e a assessoria especializada são essenciais para garantir vantagens financeiras reais.
Segundo a Abracel, a tarifa média no mercado regulado foi de R$ 290/MWh em abril, contra R$ 187/MWh no ACL, o que representou uma economia de 36%.
Outra vantagem é que os contratos costumam ter duração mais longa, superior a 4 anos, o que favorece a previsibilidade para consumidores e investidores.
É possível trocar de fornecedor?
Sim. No mercado livre, os contratos são bi-laterais entre consumidor e vendedor dando assim, liberdade para negociar qualquer condição diretamente com geradores ou comercializadoras e optar pelo contrato mais vantajoso.
Quem resolve problemas de interrupção?
A distribuidora local continua responsável pela entrega da energia e pela manutenção da rede elétrica. Ou seja, eventuais falhas no fornecimento ainda devem ser solucionadas por ela, mesmo com o consumidor no mercado livre.
Posso voltar ao mercado regulado?
Sim, mas com restrições. A distribuidora tem um prazo de até cinco anos para aceitar o retorno de um consumidor ao ambiente regulado, o que exige cautela e análise estratégica antes da migração. Mas com a assessoria certo você nunca vai precisar retornar, pessoalmente nunca vi nenhuma empresa que estava bem assessorada voltar para o mercado regulado.
Pequenos consumidores também podem participar?
Ainda não. Atualmente, apenas consumidores de média e alta tensão têm acesso ao mercado livre. No entanto, há propostas em discussão para permitir a participação de consumidores residenciais, ampliando a liberdade de escolha.
A MP da Reforma do Setor Elétrico apresentada pelo governo prevê que todos os consumidores tenham liberdade para escolha do fornecedor de energia elétrica. A proposta beneficia consumidores como pequenas padarias, restaurantes e residências. A abertura do mercado está prevista para começar em agosto de 2026 para a indústria e o comércio, e em dezembro de 2027 para os demais consumidores.