A Agência Internacional de Energia (AIE) afirma que os mercados de gás da Europa e inclusive o mercado global não estão fora de perigo, diante dos cortes russos na entrega do gás. Em relatório sobre o quadro na União Europeia em 2023, a entidade diz que o bloco pode ainda sofrer com mais quedas nas entregas russas de gás.

Segundo a AIE, as condições nesse mercado têm se mostrado “turbulentas”, com preços “extremamente voláteis” e muitos setores com uso intenso de gás enfrentando dificuldades. No geral, a demanda da UE por gás deve recuar cerca de 10% em 2022, ou cerca de 50 bilhões de metros cúbicos.

Cerca de um quinto disso é fruto de cortes na produção, não de ganhos de eficiência ou troca para outros combustíveis, aponta a entidade. Ao mesmo tempo, ela reconhece que o quadro poderia ser pior, com a UE e outros agentes atuando para compensar as perdas da Rússia.

Para 2023, a AIE diz que a oferta de gás da Rússia pode cair mais. As entregas do país à UE devem ser “consideravelmente menores” ou mesmo recuar a zero no próximo ano, no contexto da guerra na Ucrânia e das sanções consequentes contra Moscou.

Nese contexto, a oferta de gás natural liquefeito estará “apertada” na UE, segundo a AIE. A entidade menciona possíveis ações para conter a demanda, como incentivos à eficiência energética, acelerar o desenvolvimento de energias renováveis e encorajar mudanças de comportamento entre consumidores.

A AIE calcula que o investimento adicional exigido para implementar todas as recomendações descritas no relatório seriam de cerca de 100 bilhões de euros.