Apesar de abrir em alta na sessão nesta quinta-feira, 13, em linha com o avanço sobre moedas emergentes, o dólar mudou de direção e passou a cair. Por volta das 14h23, a queda era de 0,06% e a moeda era negociada a R$ 5,76.

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A moeda estadunidense iniciou o dia valorizada sobre o real depois que dados mostraram preços ao produtor acima do esperado nos Estados Unidos e que o presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou que anunciará novas tarifas mais tarde.

Porém, elementos específicos que impulsionaram a inflação ao produtor dos EUA no mês passado deram alguns motivos para esperar uma melhora no indicador. Vários analistas que estão examinando os dados dizem que agora estimam que a inflação subjacente medida pelo índice PCE, na base anual, subiu 2,6% ou 2,7% em janeiro, ante 2,8% em dezembro.

“O Fed ainda pode declarar, portanto, que o progresso no retorno da inflação à meta de 2% ainda está sendo feito”, escreveu o economista Samuel Tombs, da Pantheon, um dos vários analistas de Wall Street que fizeram uma observação semelhante.

Já o Ibovespa, que abriu em baixa nesta quinta-feira, também mudou o sinal. Por volta das 14,23, registrava leve alta de 0,13%, registrando 124.535,72 pontos.

O dólar no dia

O governo norte-americano informou mais cedo que seu índice de preços ao produtor teve alta de 0,4% em janeiro, de um avanço de 0,5% em dezembro, em dado revisado para cima. Em 12 meses, o índice passou a subir 3,5%, estável em relação ao patamar do mês anterior, em outro número que sofreu revisão para cima.

Economistas consultados pela Reuters previam que a inflação ao produtor subiria 0,3% em janeiro na base mensal, de um ganho de 0,2% informados anteriormente para dezembro.

O resultado veio em linha com os números de inflação ao consumidor divulgados na véspera, que também vieram acima do esperado, reforçando a tese de que o Federal Reserve será cauteloso em seu ciclo de afrouxamento monetário.

“A ideia é que a economia norte-americana estando mais aquecida, mais resiliente, e observando pressões inflacionárias maiores, isso tende a contribuir para uma postura mais firme, cautelosa e defensiva do Fed, que deve ser paciente antes de cortar juros”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Juros elevados nos EUA significam rendimentos mais altos para os Treasuries, o que aumenta a atratividade da moeda norte-americana.

Após a divulgação dos dados de inflação dos EUA e da publicação de Trump, que ocorreram em um intervalo de 20 minutos, o dólar atingiu sua cotação máxima do dia no Brasil, a R$5,7992 (+0,64%), às 11h03.

Tarifas de Trump

Investidores temem que as iniciativas de Trump provoquem uma guerra comercial ampla, o que poderia afetar cadeias de suprimento no mundo todo e elevar os preços de diversos produtos.

Caso as tarifas ajudem a aumentar a inflação nos EUA, analistas apontam que isso também forçaria o Federal Reserve a manter a taxa de juros elevada por ainda mais tempo, o que favorece o dólar.

A medida se somará a outros anúncios tarifários já feitos por Trump, que incluem tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio, taxa de 10% sobre produtos da China e tarifas de 25% sobre México e Canadá — esta última suspensa até o início do próximo mês após acordo com os dois vizinhos.

O dia do Ibovespa

De acordo com analistas do Itaú BBA, após a queda da véspera, de 1,69%, o Ibovespa jogou um balde de água fria para quem esperava uma possível superação da região de resistência em 127.400 pontos ainda esta semana.

“O fato é que se afastou novamente da resistência”, afirmaram no relatório Diário do Grafista, acrescentando que se superar esse nível será possível projetar novos objetivos em 130.900 e 137.469 pontos (máxima histórica). “Mas, por enquanto, a distância aumentou.”

Em Wall Street, os futuros acionários adotavam um viés positivo, em meio à análise de dados de inflação ao produtor de janeiro e pedidos semanais de auxílio-desemprego, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos mostravam declínio, com o de 10 anos em 4,5582%.