04/02/2025 - 12:32
O dólar abriu em queda nesta terça-feira, 4, e operou rondando a estabilidade até por volta de meio-dia, quando intensificou a baixa.
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O mercado digere a ata da reunião do Copom de janeiro, que trouxe sinais considerados “hawkish” e puxam os juros futuros curtos e médios para cima.
Por volta de 12h56 desta terça, o dólar à vista caía 0,74%, negociado a R$ 5,76. Veja cotações.
No câmbio, o dólar ajusta-se à desvalorização externa da divisa americana em relação a moedas principais e as emergentes latino-americanas, em especial peso mexicano, além do dólar canadense. Investidores reagem à suspensão temporária por 30 dias das tarifas americanas de 25% às importações do México e Canadá, em troca de maior controle nas fronteiras para combater o tráfico de fentanil.
Há expectativas pelo desfecho de um diálogo entre os presidentes americano, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, nas próximas horas, em meio à promessa de tarifas de 10% a produtos chineses a partir de hoje, o que já foi respondido por Pequim com medidas retaliatórias.
A China anunciou que a importação americana de carvão e gás liquefeito terá tarifas de 15%, enquanto petróleo, máquinas agrícolas e veículos terão 10% a partir de 10 de janeiro.
Na ata, o Copom incluiu um trecho em que diz que “é necessária cautela e parcimônia na análise recente de dados de atividade”. Também diz que “a desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida”.
O Copom repete que o tamanho total do ciclo de aumento da taxa Selic será ditado pelo seu “firme compromisso de convergência da inflação à meta” e reitera que a indicação de alta de 100 pontos-base da Selic em março segue apropriada. O BC diz ainda que o mercado de trabalho robusto, o fiscal expansionista e o vigor no crédito apoiam o consumo.
Na semana passada, o comitê elevou a Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, sinalizou alta na mesma magnitude em março, mas deixou em aberto o que fará em maio.
Na B3
O Ibovespa recuava nesta terça-feira, com agentes financeiros ainda monitorando desdobramentos da adoção de tarifas comerciais pelos Estados Unidos, mas também analisando a ata da última decisão de política monetária no Brasil.
Por volta de 11h10, o Ibovespa cedia 0,89%, a 124.848,66 pontos. O volume financeiro no pregão somava 2,75 bilhões de reais.
Antes da abertura, o Banco Central divulgou a ata da reunião da semana passada, quando a Selic foi elevada de 12,25% para 13,25% e o Comitê de Política Monetária sinalizou mais um aumento igual em março, mas deixou em aberto os próximos passos.
No documento, o BC elencou a desancoragem das expectativas de inflação, o grau de sobreaquecimento da economia e o impacto de políticas econômicas sobre o câmbio como riscos relevantes para o debate de política monetária.
Para economistas do Itaú chefiados pelo ex-diretor do BC Mario Mesquita, a ata apresentou um tom mais duro do que o comunicado que acompanhou o anúncio da decisão na última quarta-feira, conforme relatório enviado a clientes.
“O texto, de forma adequada, destaca a preocupação com a deterioração das expectativas de inflação e indica que o Copom está monitorando a atividade econômica, atento a sinais de uma desaceleração mais acentuada, o que não é o cenário-base deles – nem o nosso”, afirmaram.
A equipe do Itaú também destacou que as autoridades alertam para um possível aumento da taxa neutra, devido a uma política fiscal e parafiscal ainda mais expansionista.
“Apesar do tom geral da ata ser mais duro, o texto indica que o comitê acompanhará a evolução da atividade econômica, do repasse cambial e das expectativas. Isso pode, ou não, refletir uma ordem de prioridades – o tempo dirá”, acrescentaram.
No exterior, a China anunciou uma ampla gama de medidas visando empresas norte-americanas e impôs tarifas sobre produtos dos EUA após novas sobretaxas de importação impostas pelo governo de Donald Trump entraram em vigor.
A retaliação da China ocorre após os EUA fecharem acordos com México e Canadá para adiar por um mês dias a aplicação de tarifas sobre produtos desses países.
Apesar do alívio com a paralisação das tarifas sobre produtos mexicanos e canadenses, a percepção no mercado é de que a volatilidade tende a permanecer elevada, uma vez que persistem incertezas sobre o desfecho das negociações.
“O tema global continua sendo o ‘tarifaço’ praticado pelo novo presidente americano, Donald Trump, e suas possíveis consequências”, afirmou a equipe da Ágora Investimentos
Os analistas avaliaram que a resposta da China foi “aparentemente calibrada para evitar grandes repercussões”, mas ao mesmo tempo “mostra a capacidade da China de infligir danos em várias frentes da economia americana”.
DESTAQUES
– MAGAZINE LUIZA ON recuava 4,99%, em mais uma sessão de correção, após acumular uma alta de mais de 17% na semana passada. A queda era referendada pela alta nas taxas dos contratos de DI, o que também enfraquecia outros papéis de empresas sensíveis à economia doméstica. O índice do setor de consumo caía 1,51%.
– PETROBRAS PN era negociada em baixa de 1,71%, acompanhando o sinal dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent cedia 1,65%. A estatal também divulgou na véspera uma queda de 10,5% na sua produção total de petróleo e gás no quarto trimestre ante o mesmo período de 2023, para 2,63 milhões de barris de óleo equivalente ao dia.
– VALE ON cedia 0,18%, em mais uma sessão sem a referência dos futuros do minério de ferro na China por feriado naquele país. Os negócios em Dalian reabrem na quarta-feira. Assim, agentes seguem acompanhando a escalada no protecionismo comercial envolvendo as duas maiores economias do mundo.
– ITAÚ UNIBANCO PN perdia 0,42% em véspera de divulgação do balanço do quarto trimestre, com analistas atentos principalmente às sinalizações do maior banco do país em ativos para 2025. SANTANDER BRASIL UNIT, que também traz seus números na quarta-feira, caía 0,77%. BRADESCO PN cedia 0,78% e BANCO DO BRASIL ON recuava 0,22%.
– WEG ON subia 0,5%, entre as poucas altas do Ibovespa na sessão, experimentando uma trégua após dois dias de quedas seguidos, quando acumulou uma perda de 4,4%.