Por Victoria Waldersee

BERLIM (Reuters) – A Mercedes-Benz anunciou nesta quinta-feira mais cortes de custos e mais carros a gasolina e diesel do que veículos elétricos em sua nova linha de produtos, em uma tentativa de recuperar margens de lucro.

A montadora alemã lançará 19 modelos com motor a combustão e 17 elétricos até o final de 2027, em um sinal de foco renovado na oferta de motores a combustão depois que as vendas de veículos elétricos caíram 25% no ano passado.

“A estratégia de valor sobre o volume continua em vigor – ela não foi abandonada”, disse o diretor financeiro, Harald Wilhelm, acrescentando que é uma boa notícia para a margem do grupo o fato de que os modelos a combustão ainda estejam superando em muito os elétricos.

A montadora também localizará mais produção na China e nos Estados Unidos, disse Wilhelm, protegendo-se das crescentes tensões comerciais, incluindo ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, de uma tarifa de 25% sobre todas as importações de veículos a partir de abril.

“O luxo e a China simplesmente não estão funcionando, e ambos são vitais para o sucesso comercial da montadora sediada em Stuttgart”, disse o estrategista de investimentos Jürgen Molnar, da corretora RoboMarkets.

PERSPECTIVA SOMBRIA

Depois de uma queda de 30% no lucro em 2024, e de 40% na divisão de automóveis, o rresultado de 2025 deve recuar mais, disse a Mercedes-Benz, esperando uma taxa de retorno em sua divisão de automóveis de apenas 6% a 8%.

O setor automotivo europeu enfrenta uma série de desafios este ano, com a Volkswagen e outras montadoras, bem como fabricantes de componentes, anunciando cortes profundos de custos.

A Mercedes-Benz planeja reduzir os custos de produção em 10% até 2027 e dobrar esse percentual até 2030, além de um plano em andamento lançado em 2020 para reduzir os custos em 20% entre 2019 e 2025.

A empresa não fechará fábricas na Alemanha, disse o diretor financeiro nesta quinta-feira, mas transferirá a produção de um de seus modelos do país para a Hungria, onde os custos são 70% menores.

A empresa também terceirizará áreas como finanças, recursos humanos e compras, além de reduzir o tamanho da força de trabalho por meio da não substituição de trabalhadores que se aposentam e da negociação de grandes planos de demissão voluntária, acrescentou.