17/04/2022 - 9:46
Mergulhadores começaram a inspecionar neste domingo (17) o casco do petroleiro que transportava 750 toneladas de diesel e afundou na costa sudeste da Tunísia no dia anterior.
As autoridades asseguram que, de momento, foi possível evitar uma contaminação em grande escala.
A organização de proteção da natureza WWF, no entanto, alertou para “uma nova catástrofe ambiental na região” de Gabes, uma importante área de pesca com 400.000 habitantes que já sofreu episódios de poluição no passado.
Em imagens divulgadas pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Defesa, mergulhadores da Marinha são vistos se preparando para sair e depois pulando na água.
“Uma equipe de mergulhadores acompanhados pelo capitão e mecânico do navio, que conhecem sua configuração, foi ao local para examinar o casco”, disse Mohamed Karray, porta-voz do tribunal de Gabes, que abriu uma investigação sobre as causas do naufrágio.
De acordo com as primeiras constatações, no momento “não houve vazamento” do diesel que foi transportado no navio.
O petroleiro Xelo, que partiu do porto de Damietta, no Egito, com destino a Malta, naufragou no sábado em águas tunisianas, onde havia solicitado a entrada para se proteger das más condições climáticas na noite de sexta-feira.
Por uma razão desconhecida, o navio-tanque, com 58 metros de comprimento e 9 metros de largura, começou a afundar.
As autoridades tunisianas então retiraram a tripulação, composta por sete pessoas, que estavam a bordo do navio em perigo.
Em um vídeo divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente, só é possível ver a ponta de um mastro que sai da água.
A área é controlada pelos militares e inacessível à imprensa. As autoridades dizem que podem evitar mais contaminação e anunciaram a instalação de barreiras e o bombeamento de carga ou reboque do navio.
Afirmam também ter recebido propostas de ajuda de países estrangeiros, sem especificar quais. Segundo a mídia local, a Itália teria proposto um navio especializado na gestão de desastres marítimos.
“Acreditamos que os meios atuais permitirão conter o acidente” e evitar mais contaminações, disse à AFP a ministra do Meio Ambiente, Leila Chikhaoui, no sábado. Neste domingo, visitou o local do naufrágio.
Por sua vez, o Ministério dos Transportes indicou que queria “verificar a natureza comercial exata do navio e sua jornada nas últimas semanas”.
Segundo o ministério, o navio esteve estacionado de 4 a 8 de abril no porto tunisino de Sfax, uma grande cidade industrial localizada a norte de Gabes, “para mudar de tripulação, reabastecer e fazer pequenas reparações, sem carga nem descarga”.
O nome do proprietário do navio (registro IMO 7618272), construído em 1977 e com bandeira da Guiné Equatorial, não aparece nos sites de rastreamento de navios mercantes.
Segundo o porta-voz do tribunal de Gabes, o navio é propriedade de duas pessoas, um líbio e um turco.
A WWF lembra que o local onde naufragou é “uma zona de pesca para 600 marinheiros” e que o Golfo de Gabes “tem cerca de 34.000 pescadores que sofrem de poluição química há décadas”.
A região tem sofrido episódios de contaminação nos últimos anos devido às indústrias de transformação de fosfato que estão instaladas ali e pela presença de um oleoduto que transporta petróleo do sul da Tunísia.