Em entrevista à DW, chanceler federal alemão diz ter dito a Trump que Europa não concorda com todos os pontos do plano de paz e que soberania da Ucrânia não pode ser questionada.O chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, afirmou neste domingo (23/11), em entrevista à DW, não acreditar que haverá um acordo sobre a paz na Ucrânia até a próxima quinta-feira, prazo do ultimato dado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

“Não creio que seja possível chegar a um acordo sobre todos os 28 pontos até quinta-feira. Assim estamos tentando descobrir quais partes desse plano podem ser acordadas por unanimidade entre os americanos, os europeus e a Ucrânia, por um lado, e a Rússia, por outro. É algo que estamos tentando resolver, o que é extremamente complicado”, declarou Merz às margens da cúpula do G20 em Joanesburgo, na África do Sul.

Horas depois, num comunicado conjunto divulgado pela Casa Branca, os Estados Unidos e a Ucrânia afirmaram ter “atualizado e aperfeiçoado” o plano de 28 pontos e que “qualquer acordo futuro deve respeitar plenamente a soberania da Ucrânia”.

O anúncio foi classificado como um grande sucesso pelo ministro do Exterior da Alemanha, Johann Wadephul, nesta segunda-feira.

Segundo ele, no decorrer das negociações realizadas no domingo em Genebra entre representantes europeus e dos Estados Unidos, todos os pontos do plano de Washington para a paz na Ucrânia relativos à União Europeia (UE) e à Otan foram eliminados. “Demos um primeiro passo e protegemos os interesses europeus”, reforçou em entrevista à emissora Deutschlandfunk.

Telefonema com Trump

No domingo, na entrevista à DW, Merz declarou ter conversado por telefone com Trump sobre o controverso plano de 28 pontos ainda antes da reunião do G20 em Joanesburgo, da qual os EUA não participaram. “Eu disse a ele que poderíamos concordar com alguns pontos, mas não com outros. E disse a ele que estamos ao lado da Ucrânia e que a soberania desse país não pode ser questionada.”

O chanceler federal alemão também rebateu a impressão de que os europeus não são necessários nem consultados nas negociações de paz. Ele mencionou como exemplo os ativos russos congelados na UE, que não podem ser pagos aos EUA. “Se este plano se tornar realidade, o apoio dos europeus será definitivamente necessário.”

No plano original de Trump, um dos 28 pontos diz que 100 bilhões de dólares em ativos russos congelados devem ser investidos em esforços de reconstrução e investimento liderados pelos EUA na Ucrânia, e os EUA devem receber metade dos lucros.

Merz acrescentou que a China poderia desempenhar um papel maior para pôr um fim à guerra na Ucrânia. “A China poderia pressionar ainda mais a Rússia para que pusesse fim a essa guerra. E isso faz parte das minhas conversas com o governo chinês” na cúpula do G20.