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ÀS COMPRAS: Matheus tem mesada de R$ 200 no cartão de crédito

Houve uma época não muito distante em que a relação de crianças e jovens com o dinheiro era simples: ou gastá-lo ou colocar os cruzeiros e cruzados no cofrinho. Agora, em tempos de dinheiro virtual e compras online, a cédula parece estar perdendo a vez no bolso dos pequenos e dando lugar ao plástico. Não é de hoje que os bancos perceberam esse filão e criaram as contas teens. Logo depois, vieram os cartões de crédito para jovens acima de 12 anos. Os pais relutaram, mas perceberam que, ao contrário de ajudar a gerar futuros endividados, o cartão de crédito ou de débito pode ser um útil instrumento de educação financeira.

A pediatra paulista Solange Agrelle viu no cartão a possibilidade de controlar não só onde o filho Matheus, de 15 anos, gastava seu dinheiro, como também organizar a quantia que ele recebia mensalmente. ?Ele não tinha mesada. Me pedia dinheiro quando precisava sair, comprar livros e almoçar. E assim eu perdia o controle de quanto lhe dava por mês?, conta a mãe. Outro agravante é que Solange trabalha sempre até muito tarde, e às vezes não estava em casa para dar dinheiro ao filho quando era necessário. ?O cartão de crédito resolveu meus dois problemas. Hoje sei onde o Matheus gasta e quanto gasta. E ele não precisa me pedir dinheiro?, explica. Aluno do tradicional colégio Bandeirantes, em São Paulo, o garoto utiliza o plástico do banco Real para adolescentes e jovens, o Real Primeiro Cartão, desde setembro de 2007. Quando começou, seu limite era de R$ 100, mas este ano Solange aumentou para R$ 200. Além disso, Matheus também recebe um valor em dinheiro para pequenas despesas. ?Mas ele nunca gastou o limite total, sempre sobra?, diz a mãe. Já o garoto assegura que a independência trazida pelo cartão nunca foi motivo para fazê-lo gastar mais. ?Dou os comprovantes de tudo o que compro para a minha mãe?, afirma Matheus.

Muitas mães e pais como Solange fizeram o mesmo. No Itaú, o cartão de crédito Black Star, com bandeira MasterCard, foi criado em 2002 e possui 100 mil clientes. ?Os pais estão percebendo o quão importante é iniciar os filhos no mundo das finanças. Utilizar o cartão como ferramenta de mesada já é um ótimo começo?, analisa Edelver Carnovali, diretor da área de cartões do Itaú. Em todos os bancos, os cartões dos pequenos são adicionais dos cartões dos pais e a fatura detalhada é a mesma para os dois plásticos. ?O pai pode aumentar ou diminuir o limite dos filhos automaticamente pela internet ou pelo telefone?, explica Mário Mello, superintendente de cartões do banco Real. No HSBC, que possui o Cartão-Mesada de débito, os pais podem estabelecer o limite diário de saque de, no máximo, R$ 10 reais. No Banco do Brasil, o cartão faz parte do programa Mesada Programada para a Conta Jovem. Os pais criam uma conta corrente para o filho e uma quantia preestabelecida é debitada automaticamente. Só quem pode movimentá- la é o próprio jovem.

A mesada eletrônica deve ser encarada com cuidado. Com filhos tão jovens utilizando cartões, os pais devem ter atenção redobrada na hora de dar o exemplo. Apesar da segurança que proporcionam, fazendo com que os filhos deixem de andar com dinheiro na carteira, é necessário o diálogo. ?O cartão atende a um quesito importante para que a mesada funcione: a possibilidade de os pais poderem conversar com os filhos sobre suas finanças e sugerir padrões de consumo diferentes, caso os atuais estejam errados?, explica o consultor financeiro Gustavo Cerbasi. Mas, para isso, precisam dar o exemplo e controlar sua própria vida econômica. ?Os filhos se espelharão nos hábitos financeiros dos pais, tantos nos bons como nos maus?, diz.

OS CARTÕES DA GAROTADA
Características dos plásticos oferecidos ao público jovem

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