22/09/2000 - 7:00
Sai da frente que aí vem o bom mineiro Newton Gouvêa. Sem fazer barulho, o presidente da rede fluminense Leader Magazine vai dando forma a uma ousada estratégia: preencher o vácuo deixado pela Mesbla no Rio de Janeiro. Comendo pelas beiradas, a empresa vem montando uma forte estrutura no Estado. Este ano, serão inauguradas quatro filiais. Em outubro, abre a vigésima segunda loja no Rio de Janeiro. Em novembro, será a vez da maior unidade do grupo com 2.800 metros quadrados, no mesmo endereço onde funcionava a Mesbla Niterói. Um imóvel tão amplo que sobrou espaço até para a empresa alugar para terceiros. ?Será um power centre com academia, loja e restaurante?, conta Gouvêa, 75 anos, que, em janeiro, assopra as velhinhas dos 50 anos da Leader.
Se Gouvêa é bom na ação, não se pode dizer o mesmo no verbo. A mistura empresa familiar com a origem mineira resulta num silêncio sepulcral em relação a números. A rede não divulga faturamento, lucro e investimento. Gouvêa limita-se a um breve comentário. ?Vendemos 1,2 milhão de peças por mês entre brinquedos, roupas de cama, de mesa, de banho, moda feminina, masculina e infantil e relógios?, diz. Além disso, tem um milhão de clientes com cartão Leader.
Filho de um chefe de estação ferroviária, ele começou a trabalhar no comércio com 18 anos em Palma, na Zona da Mata mineira. Em dois anos, virou gerente e, em sete, empresário. Em 1951, montou uma loja de tecido para concorrer com o ex-patrão. O dinheiro veio de uma ?vaquinha? entre os Gouvêas. Esse financiamento desenhou o esqueleto societário da Leader. Hoje, os dez parentes que contribuíram (irmãos e primos) são acionistas da empresa. E formam um conselho que se reúne periodicamente para ditar os rumos da rede.
Apesar do avanço, a Leader continua se esforçando para não perder a mira na Classe C. No último ano, com a chegada de concorrentes, como Renner e Lojas Riachuelo, os Gouvêas partiram para modernização das lojas e do mix de produtos. Mudaram layout, uniformes e embalagens e chegaram em dois bairros de classe média do Rio: Tijuca e Botafogo. Com isso, despertaram a atenção de um novo público. ?Fizemos uma reunião e decidimos que, apesar das mudanças, a classe C continuará sendo o nosso alvo?, diz Gouvêa. Os próximos passos da Leader serão ensaiados em novembro. Familiares e executivos vão se reunir para decidir sobre projetos de Internet e de expansão para outros Estados. Minas e Espírito Santo estão no começo da fila.