A fruticultura brasileira teve alguns resultados favoráveis no primeiro bimestre de 2022. As exportações do setor – envolvendo 28 produtos – somaram 175 mil toneladas, volume 9,2% maior do que nos dois primeiros meses de 2021, e os preços médios em dólar cresceram 1,3%, de acordo com levantamento do Itaú BBA. Mas, assim como vem ocorrendo com outras atividades agrícolas, o setor também sofreu com as variações climáticas e com os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Em relação ao clima, o maior problema para a produção de frutas foi a má distribuição das chuvas: em alguns lugares choveu demais e em outros, de menos. No caso do Vale do São Francisco, o desafio foi o excesso de água. A região abrange os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, e se destaca pela produção de manga, melão e uva. Essa última foi a que mais sofreu. A cominação de mais chuva com altas temperaturas fez surgir pragas e doenças, exigindo maior investimento para proteger as plantações.

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Situação semelhante ocorreu com a produção de mamão e melancia no sul da Bahia e no Espírito Santo. No caso dos mamões, o excesso de chuvas chegou bem na fase de formação dos frutos, com prejuízo ao volume produzido, à qualidade e até à estética. Como resultado, as exportações caíram 11,2% na comparação entre o primeiro bimestre de 2022 e o do ano passado. Ao menos, os preços médios cresceram 15,8%.

Na região Sul, o problema foi a seca. Em Vacaria (RS), cidade que mais produz maçãs no Brasil, entre dezembro de 2021 e fevereiro deste ano, a quantidade de chuva foi 31% menor que a média para o período. O impacto negativo foi inevitável no desempenho dos pomares e até no tamanho dos frutos. O resultado só não foi mais complicado por causa do ritmo crescente de comercialização, inclusive das exportações para países asiáticos, onde frutos de menor tamanho são mais apreciados.

Ainda sobre o mercado externo, fica a preocupação em relação às consequências da guerra entre Rússia e Ucrânia. No ano passado os russos compraram 21% das maçãs exportadas pelo Brasil, e o melhor momento das vendas aconteceria exatamente a partir deste mês, indo até junho. Uma queda brusca nessas negociações pressionaria os preços em dólar – que já vem caindo por conta da desvalorização da moeda norte-americana frente o real – e reduziria a margem das exportadoras. Nesse momento, tão importante quanto produzir bem é adotar a melhor estratégia comercial.